Introdução Num mundo marcado por deslocamentos forçados, onde milhões de pessoas se tornam refugiados por causa de guerras, catástrofes naturais, perseguições religiosas, crises econômicas e ideológicas, é urgente, enquanto cristãos, refletirmos à luz da fé sobre essa realidade tão dolorosa quanto complexa. A cada dia, homens, mulheres e crianças são obrigados a abandonar seus lares em busca de segurança, dignidade e esperança — muitos deles cruzando fronteiras não por escolha, mas por sobrevivência. Outros buscam asilo político ao fugirem de regimes opressores, perseguições religiosas, ou contextos onde sua liberdade de consciência e expressão está em risco. Diante dessa dura realidade, como deve reagir a Igreja de Cristo? Qual deve ser nossa postura teológica, ética e prática diante do clamor dos que batem à porta de nossas fronteiras geográficas e espirituais? Desde os seus primeiros livros, a Bíblia apresenta uma visão profundamente humana, espiritual e solidária sobre o estr...
Na sua mão está a alma de todo ser vivente e o espírito de todo o gênero humano (Jó 12:10) Diante da indiscriminação com que os conceitos "Espiritualidade, Religiosidade e Religião" são tratados, proponho uma reflexão que ilumine e esclareça esses termos. Não é uma tarefa fácil, mas entender as distinções e relações entre esses conceitos, bem como problematizá-los, é fundamental para superarmos idiossincrasias reducionistas e, como bem nos lembrou Talal Asad, ocidentalocêntricas. Para conhecer a história dos TRATADOS DE ESPIRITUALIDADE, é preciso voltar ao século XVI. Todavia, a ideia aqui não é fazer uma linha do tempo da espiritualidade, apenas situá-los conceitualmente. É interessante que, há cerca de três séculos, a palavra espiritualidade passou a ser muito usada no Ocidente cristão. Mas, quando se indaga pelo significado, constatamos que este é vago, assim como o significado da palavra espírito, que lhe deu origem. Por isso, os enunciados conceituais que dão origem à re...