Pular para o conteúdo principal

UTOPIA, MITO E DISTOPIA



Utopia é a verdade do amanhã. (Victor Hugo)
As utopias são verdades prematuras. (Lamartine)  



A palavra utopia foi criada por Thomas Morus para indicar uma ilha imaginária, um bom lugar, mas que não está em lugar algum e representava um sonho, um desejo, uma esperança de um mundo melhor. 

Vou dizer o que é. Utopia é quando você olha para o horizonte e a cada dez passos percorridos percebe que cada vez mais está distante dele. (Galeano)

Ora, penso que antes de partirmos do/para o étimo linguístico, é necessário partirmos em/na direção daquilo que acredita-se, ainda que o horizonte se mostre nadificado ou que admita-se à inexistência de um "lugar", "plano", sim a função da utopia, eu digo qualquer utopia mais do que dar sentido à caminhada ou ao caminhante é antes de tudo, tem por finalidade incentivar os seus transeuntes. De modo que o devir, o movimento, o fluxo é o seu Leitmotiv (fr.) ou Vourausstzungen (Al.).

Quando falamos em mito, é necessário lembrar que há quem represente o mundo por meio deles (Tilich), estruture-o (Strauss) ou recorra a sua linguagem (Bultmann) ou ainda explique o mundo por eles (Snell). De modo que o mito pelo imprinting estruturalista se apresenta sempre como lugar onde tudo é conquistável inclusive o inconquistável. 

Mas, para um niilista, utopia e mito são sinonímias, que invisibilizam poderes e intencionalidades de domínio. 

Quem se recusa a crer em utopias pode ser seduzido pela sedução das distopias.  Distopia é a antítese ou a antiutopia. O termo "dys" significa "ruim" topos "lugar" o que significa lugar de sofrimento ou lugar ruim". 


Elas já foram estreadas por protagonistas historicamente indeléveis, como: Hitler, Mussolini, Stálin, Mao Tsé-Tung, etc... 
E representada pelo romance de  1984, em o "Big Brother" por George Orwell .
O termo foi usado pela primeira vez por John Stuart Mill em 1968 e de lá para cá o cinema e a literatura tem se servido dessa concepção sociológica para sinalizar em ensaios e filmes futurísticos, a relação subjetiva diante da objetividade totalitária e  autoritária do estado ou de uma elite. 

Enfim, embora tudo isso seja possível enquanto sistemas, penso que a "ipseidade" se responsabilizará em perpetuar os mitos e as utopias.

Como ouvi a candidata a presidência da República, Marina Silva uma vez dizer: "utopia quem vive sem Elas". Seja ela (utopia) filosófica de Platão (hiperuranio) ou materialista dialético-histórico de Marx (paraíso terrenal) o cidade celestial em contraste com a cidade terrena de Agostinho ou a ausência e extinção dela Sartre. 
A humanidade que em nenhum momento da história foi a-religiosa o reinventará (Eliade) por que sem mito e sem utopias o homem certamente não suportaria a realidade. 

Paulo Mazarem.
Florianópolis
24 Mar. 16.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

UMA BREVE HISTÓRIA DO CULTO AO FALO

Uma dose de conhecimento histórico, i.e., religiológico, (sim só um pouquinho) é suficiente para deixar nossos pudores embaraçados, uma vez que sexualidade sempre estivera imbricavelmente relacionado a religião parte constitutiva da humanidade.                              Uma historicização a respeito do “falo” ou de seus simulacros (objetos construídos para veneração)  nos períodos arcaicos da história humana, revelará que toda esta carga latente de erotização que (o Ocidente) se dá (eu) ao pênis hodiernamente, está equidistante da concepção que os antigos tinham a respeito da (o) genitália (órgão sexual) masculino.  Muitas culturas, incluindo o Egito, Pérsia, Síria, Grécia, Roma, Índia, Japão África até as civilizações Maia e Asteca viam no culto ao pênis uma tentativa de alcançar o favor da fertilidade e à procriação da vida.     Porém, ao que tudo indica o falocentrismo...

BOB ESPONJA, PATRICK E SIRIGUEIJO - REPRESENTAÇÕES SUBJETIVAS & COLETIVAS DO COTIDIANO

Esses tempos rolou um papo nas redes de que Bob esponja e Patrick eram gays, no entanto eles estão mais para anjos do que para hetero ou homossexuais, sim eles são seres assexuados. De acordo com Stephen Hillenburg (criador do desenho), Bob Esponja é ingênuo,  arquétipo do personagem que está(eve) sempre por aí, do indivíduo que vive e se comporta como uma criança. Já Patrick  não é ingênuo, mas burro.   Ambos formam uma dupla interessante, pois os dois juntos  pensam que são adultos e gênios.   De fato, Bob Esponja não (nunca)  percebe as trapalhadas que ambos cometes e Patrick se acha o melhor cara do mundo. Mas não esqueçamos o Mr. Sirigueijo. O senhor Sirigueijo, (chefe do Calça Quadrada na lanchonete)   tem uma história mais íntima, na verdade ele foi inspirado num chefe que Hillenburg conheceu quando trabalhou num restaurante... de frutos do mar.   O mesmo diz o seguinte: "Eu era da Costa Oeste americana...

GANZ ANDERE

“O Céu revela por seu próprio modo de ser, a transcendência, a força, a eternidade.   Ele existe de uma maneira absoluta, pois é elevado, infinito, eterno, poderoso”.    (Mircea Eliade 1907-1986 ) “ Ganz andere ” é uma expressão inspirada pelas ideias do teólogo protestante Rudolf Otto (1869-1937) e que aparece na introdução do clássico “O Sagrado e o profano: a essência das religiões” de autoria de Mircea Eliade. O sentido da expressão aponta para aquilo que é grandioso e “totalmente diferente”. Em relação ao “Ganz andere”, o homem tem o sentimento de sua profunda nulidade, o sentimento de não ser nada mais do que uma criatura, segundo os termos com que Abraão teria se dirigido ao Senhor – de não ser senão cinza e pó (Gen: 18:27). “Ganz andere” se identifica com aquilo que o homem religioso interpreta como a materialização extrema do sagrado.     Uma experiência possível de ser experimentada ao se observar durante a noite a imaginária ...