Pular para o conteúdo principal

CUMPRINDO PROPÓSITOS GERACIONAIS


 

Tendo Davi servido ao propósito de Deus em sua própria geração, adormeceu, foi sepultado com seus antepassados e sofreu decomposição (Atos. 13. 36- NVI)

 

Pois Davi, tendo servido à sua própria geração segundo o propósito de Deus, adormeceu, foi reunido aos seus pais e sofreu decomposição[1]. (Novum Testamentum Graece – Nestlé/Aland)

                                                                      

Introdução

 

Atos 1336 faz parte de um discurso dado por Paulo na sinagoga de Antioquia da Pisídia. Neste discurso, o apóstolo Paulo narra a história da salvação, desde o povo de Israel até Jesus, destacando o protagonismo de alguns líderes que serviram a sua geração como foi o caso de Abraão (v. 26) Moisés (v. 17, 39) e tantos outros como o profetaSamuel (v. 20) João Batista e o rei Davi.  

 

Davi, foi o pastor que se tornou rei e que estabeleceu Israel como uma grande nação sendo crucial na promessa do Messias, que viria de sua linhagem. 

 

O texto que lemos...

 

Atos 13. 36 a primeira parte, diz que Davi, serviu ao propósito de Deus em sua própria geração. Entretanto, no original grego o texto vai dizer que Davi serviu a sua geração segundo o propósito de Deus.  

 

Note que ...

 

Uma coisa é servir ao propósito de Deus em sua própria geração e outra coisa é servir a sua geração segundo os propósitos de Deus. Porém, outra coisa completamente diferente é apenas servir a sua geração, sem servir a Deus ou servir a Deus, sem servir a sua geração. 

 

Eu gostaria de falar nesta noite de dizer que é impossível alguém servir a Deus sem servir a sua geração, mas temos exemplos de sobra na literatura e na história de pessoas que viveram as suas experiências espirituais com Deus, fechadas em seu próprio gueto, em seu próprio mundo religioso, uma espiritualidade templocêntrica, sem qualquer preocupação com pessoas, respaldada por uma perspectiva antissocial e misantrópica[2].   

 

São pessoas que esquecem que a vida encontra seu sentido em Deus, mas sobretudo em pessoas, uma vez que é nas pessoas que Deus mostra o seu rosto. 

 

Um evangelho sem pessoas seria um evangelho alienígena, cientológico. A cientologia diz que no princípio éramos todos Ets. Diferente das escrituras que afirma que Deus criou o homem a sua imagem e semelhança.  

 

Logo não faz sentido uma espiritualidade que se relaciona apenas com Deus, mas não se envolve com pessoas. Como também não faz sentido uma religião que só se envolve com pessoas, mas não se relaciona com Deus. 

 

E como destacado 

 

Muitas pessoas servem a sua geração sem necessariamente cumprir os propósitos de Deus. Já outras servem a Deus sem simplesmente servir a sua geração como já vimos. 

 

No entanto, a escritura nos mostra claramente que Davi serviu a sua própria geração segundo os propósitos de Deus e aqui está a beleza do texto. 

 

A tradução grega deixa evidente que a atenção de Davi estava voltada para pessoas, necessidades e desafios de sua época e serviu a sua geração sendo guiado pelo propósito divino. 

 

Note que o termo geração[3] no hebraico bíblico, refere-se a um período de tempo durante o qual um grupo de pessoas vive.  E Davi viveu em sua geração para servir a sua geração. Porque Deus levanta em cada geração uma geração, a geração que Deus escolheu para esse tempo é a nossa geração e a história mostra claramente que uma geração vem e outra vai. 

 

Como Davi, cada um de nós estamos aqui por um propósito divino, porém só cumpriremos esse propósito divino quando entendermos que o que Deus espera de nós está para além, muito além do culto, do templo e domingo a noite na igreja. 

 

Fomos chamados para servir a Deus em uma geração, uma geração que embora precise contemplar inicialmente os domésticos da fé, deve transbordar para o mundo, temperando relacionamentos, alterando ambientes, dar gosto a vida dos que vivem desgostos com a existência.

 

Essa é a nossa vocação...

 

Estamos todos chocados com o que vem acontecendo no Rio Grande do Sul, porém ficamos mais chocados ainda com a maneira como algumas pessoas tratam esse momento tão trágico e crítico. 

 

As cenas que todos assistem agridem as nossas sensibilidades morais, espirituais e humanitárias. 

 

De um lado pessoas servindo pessoas e de outro pessoas explorando pessoas.

De um lado, temos o altruísmo e a mobilização voluntária, exemplificados pela capacidade de toda uma nação se unir para socorrer as vítimas dessa tragédia.

Do outro lado, vemos pessoas e entidades se aproveitando das vulnerabilidades alheias. 

 

De um lado pessoas percebendo a crise como uma oportunidade para assistir e socorrer pessoas. Do outro pessoas usando a crise para explorar pessoas. 

 

Nós não podemos tratar com naturalidade, mortes que poderiam ser evitadas pela responsabilidade humana e muito menos permitir que a vida humana seja jogada ou reduzida a debates ideológicos.

 

Jamais vamos servir a nossa geração se não superarmos os divisionismos partidários políticos que nos tocam, com foco em urgência e compaixão a partir de uma resposta eficaz e unificada em situações de crise.

 

Jamais vamos servir a nossa geração apresentando ao mundo o rosto de um ídolo e não do Deus vivo que não tem prazer na morte do ímpio, mas sim que esse se arrependa dos seus maus caminhos e chegue ao conhecimento da verdade[4].

 

É inaceitável que em pleno Século 21, ainda persistam discursos de intolerância religiosa respaldados por um analfabetismo bíblico e teológico numa espécie de caça as bruxas que procura pelo em ovos e que recorre a bodes expiatórios a fim de ter a quem responsabilizar!

 

No passado a culpa por qualquer contingência era dos cristãos!

 

Tertuliano no ano 197 d. C fez um registro no mínimo curioso, dizendo: “Se o Tibre alcança as muralhas, se o Nilo não alaga os campos, se o céu não se mexe ou a Terra pára, se há fome e se há praga. O clamor imediato é sempre o mesmo: Morte aos cristãos, entregue-os aos leões.  TERTULIANO APOLOGETICUS, 197 d.C.

 

Hoje o que ocorre é o contrário, cristãos culpando pessoas de outras expressões religiosas.  

 

Isso me lembra as palavras do líder nazista Hermann Rausching que em uma ocasião justificou a necessidade que os nazistas tinham de criar um bode expiatório ao dizer que: 

 

“Se os judeus não existissem, teríamos de inventá-los” (citado por Koltz, 1983).

 

Quero com todo respeito lhe oferecer um outro modelo explicativo de realidade. 

 

As fortes chuvas que agridem o Sul do País não são provenientes de querelas religiosas existentes entre o Deus cristão e os deuses de outras culturas religiosas que penalizam pessoas de todas as modalidades de fé ou sem fé. 

 

As chuvas que assolam e maltratam o Rio Grande do Sul são provenientes de fenômenos multifatoriais que passam por fatores de:

 

natureza climática, emissões de gases de efeito estufa, desmatamento,  agricultura intensiva, poluição atmosférica, alteração de ecossistemas, obstáculo atmosférico no coração do Brasil com ondas centrífugas[5] de calor que repelem as chuvas não deixando-as avançar,  relapso com indicadores científicos que já haviam previstos essa chuvas em 2021 e ausência de políticas públicas eficazes para mitigação de desastres e adaptação às mudanças climáticas, bem como a falta de infraestrutura adequada e de planejamento urbano que considere os novos padrões climáticos que também contribuem significativamente para a gravidade dos impactos dessas chuvas e de todas essas combinações imiscuídas. 

 

 

Porém como já dito, se de um lado existem pessoas procurando culpados de outro existem pessoas colocando a mão na massa. 

 

A Mais de Cristo para glória do nome de Jesus já enviou 7 caminhões para assistir aqueles que ainda estão desassistidos. A meta é 12. 

 

Estamos servindo a nossa geração e cumprindo os propósitos de Deus de várias maneiras. 

 

 Pois Davi, tendo servido à sua própria geração segundo o propósito de Deus, adormeceu, foi reunido aos seus pais e sofreu decomposição”. Atos 13. 36

 

 

CONCLUSÃO

 

É importante entendermos que propósito é pessoal e geracional, mas o evangelho é transgeracional! O que realizarmos hoje terá reflexos futuros. 

 

É importante aprender com homens como Abraão[6], Moisés[7], Samuel[8], Davi[9] e João Batista[10] exemplos luminosos de como a obediência e a fé podem moldar o curso da história humana e espiritual. 

 

Mas é necessário descobrir o nosso propósito pessoal! 

 

Cada um desses homens foi uma figura monumental em sua época. Mas nenhum dEles se comparam a obra que Jesus Cristo, nosso Salvador, realizou.

 

A obra de Cristo transcende todas as gerações. 

 

Enquanto esses servos fiéis cumpriram os propósitos de Deus em suas respectivas épocas, a obra de Jesus oferece salvação eterna a toda a humanidade, em todas as épocas. Jesus não apenas serviu sua geração; Ele rompeu as barreiras do tempo e do espaço com uma oferta de redenção eterna. 

 

Escute...

 

Sua ressurreição derrotou a morte e garantiu que todos que nele creem terão a vida eterna.

 

E, por meio dele, todo o que crê é justificado de todas as coisas das quais vós não pudestes ser justificados pela lei de Moisés (Atos 13. 39)

 

Apenas através de Jesus, pela fé, é possível obter a justificação completa dos pecados. 

 

Notai, pois, que não vos sobrevenha o que está dito nos profetas: Vede, ó desprezadores, maravilhai-vos e desvanecei, porque eu realizo, em vossos dias, obra tal que não crereis se alguém vo-la contar (Atos 13. 40, 41)

 

A obra de Cristo é extraordinária e sem precedentes e a advertência feita por Paulo, serve como um chamado à aceitação e à fé, sob o risco de incredulidade e consequente julgamento.

 

Por isso é preciso entender que ninguém leva nada dessa vida a não ser a vida que leva. E o que vamos deixar para as próximas gerações tem a ver com a vida que levamos e com o propósito que cumprimos.

 

Se você ainda não descobriu o seu propósito, o porquê nasceu, o que está fazendo nessa vida, para onde irá e com quem estará no desfecho de todas as coisas, recomendo hoje mesmo a se abandonar nos braços de Jesus. 

 



[1] Δαυδ (David) γρ (gàrδί (idiä) γενεᾷ (geneä) πηρετήσας (hypēretēsas) τῇ () τοῦ (toú) Θεοῦ (theoú) βουλ (boulēκοιμήθη (ekiméthē) κα (kai) προσετέθη (prosetéthē) πρς (prós) τος (tóus) πατέρας (patéras) ατοῦ (autóu) καὶ (kai) εδεν (eiden) διαφθοράν (diaphthorán)· 

David gàr idíaa genéa hiperetésas tê tu teú – bulê ekiméthe Kai prosetéthê prós tús patéras kai eiden diáftoran. Atos 13. 26 transliterado do grego para o português. 

 

[2] Um misantropo é alguém que tem aversão ao ser humano ou à humanidade em geral.

 

[3] No Antigo Testamento, a palavra mais comum para “geração” é דוֹר (dor). No Novo Testamento, o termo mais comum para “geração” é γενεά (genea).

 

[4] Acaso tenho algum prazer na morte do ímpio? diz o Senhor DEUS; não desejo antes que ele se converta dos seus caminhos, e viva? (Ezequiel 18. 23; 33. 11)

 

[5] Quando uma força opera do centro para fora, repelindo objetos do centro de um sistema, estamos descrevendo uma força centrífuga.

 

[6] Abraão, chamado o Pai da Fé, não hesitou quando Deus o chamou para sair de sua terra natal e ir para um lugar que receberia como herança. Ele acreditou na promessa de Deus de fazer dele uma grande nação, uma bênção para todas as famílias da terra. Abraão serviu a sua geração ao estabelecer um padrão de fé e obediência.

[7] Moisés, o libertador de Israel, enfrentou o poderoso faraó do Egito para libertar o povo de Israel da escravidão. Guiou-os pelo deserto e recebeu a Lei de Deus no Monte Sinai, uma bússola moral que guiaria não apenas os israelitas, mas também gerações futuras sobre como viver uma vida que agrada a Deus.

[8] Samuel, o último dos juízes e o primeiro dos grandes profetas, ungia reis e liderava com a palavra do Senhor. Ele foi o instrumento de Deus para transição de Israel para a monarquia, orientando o povo e seus reis nos caminhos do Senhor.

[9] Davi, o pastor que se tornou rei, foi um homem segundo o coração de Deus. Ele estabeleceu Israel como uma grande nação e foi crucial na promessa do Messias, que viria de sua linhagem. Embora imperfeito, Davi é lembrado por sua paixão fervorosa por Deus e por cumprir fielmente seu papel na história de Israel.

[10] João Batista, o precursor de Cristo, preparou o caminho para o Senhor, chamando as pessoas ao arrependimento. Sua vida austera e sua mensagem poderosa sacudiram as estruturas sociais e religiosas de seu tempo, apontando diretamente para o Messias que estava por vir.

 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

UMA BREVE HISTÓRIA DO CULTO AO FALO

Uma dose de conhecimento histórico, i.e., religiológico, (sim só um pouquinho) é suficiente para deixar nossos pudores embaraçados, uma vez que sexualidade sempre estivera imbricavelmente relacionado a religião parte constitutiva da humanidade.                              Uma historicização a respeito do “falo” ou de seus simulacros (objetos construídos para veneração)  nos períodos arcaicos da história humana, revelará que toda esta carga latente de erotização que (o Ocidente) se dá (eu) ao pênis hodiernamente, está equidistante da concepção que os antigos tinham a respeito da (o) genitália (órgão sexual) masculino.  Muitas culturas, incluindo o Egito, Pérsia, Síria, Grécia, Roma, Índia, Japão África até as civilizações Maia e Asteca viam no culto ao pênis uma tentativa de alcançar o favor da fertilidade e à procriação da vida.     Porém, ao que tudo indica o falocentrismo  cúltico  veio da Índia, com a prática do Brahman de adorar o pênis do deus supremo, Shiva.  

BOB ESPONJA, PATRICK E SIRIGUEIJO - REPRESENTAÇÕES SUBJETIVAS & COLETIVAS DO COTIDIANO

Esses tempos rolou um papo nas redes de que Bob esponja e Patrick eram gays, no entanto eles estão mais para anjos do que para hetero ou homossexuais, sim eles são seres assexuados. De acordo com Stephen Hillenburg (criador do desenho), Bob Esponja é ingênuo,  arquétipo do personagem que está(eve) sempre por aí, do indivíduo que vive e se comporta como uma criança. Já Patrick  não é ingênuo, mas burro.   Ambos formam uma dupla interessante, pois os dois juntos  pensam que são adultos e gênios.   De fato, Bob Esponja não (nunca)  percebe as trapalhadas que ambos cometes e Patrick se acha o melhor cara do mundo. Mas não esqueçamos o Mr. Sirigueijo. O senhor Sirigueijo, (chefe do Calça Quadrada na lanchonete)   tem uma história mais íntima, na verdade ele foi inspirado num chefe que Hillenburg conheceu quando trabalhou num restaurante... de frutos do mar.   O mesmo diz o seguinte: "Eu era da Costa Oeste americana, ele era da Costa Leste”. Ele tin

RESENHA DO FILME TERRA VERMELHA

Paulo R. S. Mazarem O Filme “Terra Vermelha" de 2008, direção e Roteiro do chileno Marco Bechis , bem como os demais roteiristas Luiz Bolognesi, Lara Fremder foi produzido com a finalidade de dilucidar a realidade enfrentada pelos índios Guarani- Kaiowá e descrever a perda espacial de seu território no Mato Grosso do Sul, expropriado pelos Juruás (homens Brancos). A co-produção ítalo-brasileira Terra Vermelha , é uma obra com teor político, e torna-se quase que indispensável por assim dizer para quem deseja compreender a questão e realidade indígena de nosso país. Ele descreve como a nova geração de índios, isto é, os jovens reagem diante de um novo sistema que lhe é imposto, onde seu trabalho, cultura e religião não possuem valor algum, efeitos esses decorrentes das apropriações indébitas de terras que em outrora eram suas por nascimento, para não utilizar o termo “direito” que nesse caso, não era um saber do conhecimento