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RELIGIÃO, RELIGIOSIDADE & ESPIRITUALIDADE

Na sua mão está a alma de todo ser vivente e o espírito de todo o gênero humano (Jó 12:10)

Diante da indiscriminação com que os conceitos "Espiritualidade, Religiosidade e Religião" são tratados, proponho uma reflexão que ilumine e esclareça esses termos. Não é uma tarefa fácil, mas entender as distinções e relações entre esses conceitos, bem como problematizá-los, é fundamental para superarmos idiossincrasias reducionistas e, como bem nos lembrou Talal Asad, ocidentalocêntricas.

Para conhecer a história dos TRATADOS DE ESPIRITUALIDADE, é preciso voltar ao século XVI. Todavia, a ideia aqui não é fazer uma linha do tempo da espiritualidade, apenas situá-los conceitualmente. É interessante que, há cerca de três séculos, a palavra espiritualidade passou a ser muito usada no Ocidente cristão. Mas, quando se indaga pelo significado, constatamos que este é vago, assim como o significado da palavra espírito, que lhe deu origem. Por isso, os enunciados conceituais que dão origem à reflexão esboçada são propostas e leituras abertas que podem ser resignificadas à medida que novas proposições forem surgindo.

Entendemos que a espiritualidade é, na verdade, uma dimensão supra-religiosa e uma realidade constitutiva da nossa condição humana, não sendo monopólio das religiões ou de algum movimento espiritual. Como destacado, é a dimensão que eleva a pessoa para além de seu universo e a coloca frente às suas questões mais profundas, aquelas que brotam da sua interioridade, no anseio de encontrar resposta às perguntas existenciais: De onde vim? Para onde vou? Qual é o sentido da minha vida? Que lugar eu ocupo neste universo? Que propósito tem minha vida? Por que isso aconteceu comigo? Visto que a questão fundamental do ser humano contemporâneo é a busca de sentido.

Portanto, trata-se mais de uma qualidade do que de uma entidade, uma vez que espiritual é a qualidade que convém a seres situados fora do espaço e do tempo. Como bem lembrou Teilhard Chardim: “Não somos seres humanos vivendo uma experiência espiritual, somos seres espirituais vivendo uma experiência humana”.

Conceito Cristão de Espiritualidade

No sentido proposto, espiritualidade é o lado subjetivo da religião que relaciona, antes de mais nada, o homem finito com a realidade divina (infinita), através de Cristo, que une dimensões alteritárias, proporcionando plenitude e integralidade.

Na patrística, não tínhamos esse termo espiritualidade, preferindo falar de teologia espiritual, de ascese e de mística ou, simplesmente, de vida cristã e evangélica. Em Inácio de Antioquia, a vida espiritual realiza-se na igreja, nas assembleias, lugar das orações e na Ceia. Na vida individual, a espiritualidade consiste em revestir-se de Cristo, de sua paixão, morte e ressurreição. Até mesmo a morte era espiritualizada para os primeiros cristãos que viam no martírio a possibilidade de deixar o corpo e se encontrar no espírito com Deus.

O apóstolo Paulo utilizou o termo pneumátikós para homem espiritual, que se torna o termo técnico para a existência cristã.

"Disto também falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espírito, conferindo coisas espirituais com espirituais. Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Porém o homem espiritual julga todas as coisas, mas ele mesmo não é julgado por ninguém." (1 Coríntios 2:13-15)

Uma consideração importante a se fazer é que o apóstolo Paulo foi o primeiro a separar habeas corpus de Corpus Christi, e separar dons do Espírito Santo da espiritualidade cristã. Carnais podem vender a ideia de espiritualidade baseada nos dons recebidos, ludibriando os incautos que desconhecem a Deus e Sua palavra. Paulo afirma: “Se alguém se considera profeta ou espiritual, reconheça ... na ordem do culto e na maturidade cristã a genuína espiritualidade” (1 Coríntios 14:37). Ele prossegue dizendo que não pode falar à igreja em Corinto como a espirituais, mas como a carnais, como a crianças em Cristo. Sinaliza que deu leite e não alimento sólido; porque não poderiam suportá-lo. Enfatizou que ciúme, inveja, contenda, partidarismo e substituição do culto a Deus pelo culto a pregadores são falta de espiritualidade e sobra de carnalidade (1 Coríntios 3:1-8).

Portanto, espiritualidade não é um estado, mas uma forma de viver a fé cristã a partir de um impulso da graça para participar da vida divina (1 Coríntios 15:28). A vida nova do homem exige algo mais que uma descomprometida adesão intelectual a Deus; requer uma adesão de todo seu ser, uma entrega total a Deus.

Características Essenciais da Espiritualidade Cristã

  1. Teocêntrica: Não se trata apenas de uma satisfação subjetiva, nem somente da salvação da alma, mas da entrega a Deus e ao Seu amor.
  2. Cristocêntrica: Em Cristo, como cabeça, toda a criação está unida ao Pai. Através Dele recebe salvação e bênção.
  3. Eclesial: A Igreja é o lugar no qual o Senhor reúne os que se confiam a Ele na fé, no amor e na esperança para a adoração.
  4. Cúltica: Os cultos são maneiras pelas quais o Senhor glorifica o Pai na Sua Igreja e conduz os homens à salvação.
  5. Pessoal: Os sacramentos agem pela sua realização, mas só frutificam na medida em que recebidos com fé e amor e levados à eficiência ética.
  6. Comunitária: Por mais que se acentue o aspecto pessoal, o cristão ativa sua espiritualidade na comunidade.
  7. Escatológica: A espiritualidade cristã é marcada pela esperança. Esta mantém o cristão vigilante e o prepara para a parusia ou vinda gloriosa de Cristo no fim dos tempos.

Espiritualidade e Saúde

A ideia de que ciência e espiritualidade são áreas antagônicas já faz parte do passado. Pesquisas feitas em países como Brasil, Canadá e Estados Unidos comprovaram que experiências de caráter espiritual ajudam a melhorar a qualidade de vida das pessoas. Em termos emocionais, a espiritualidade propicia uma maneira diferenciada de tratar as dificuldades, que podem ser vistas como experiências de vida. Existem alguns indicativos que, de fato, aqueles com uma prática religiosa, um apoio espiritual de alguma natureza, mostram-se mais beneficiados em relação aos outros.

A espiritualidade auxilia a combater o estresse, raiva, amargura e depressão. Também fortalece o sistema imunológico. As pessoas espiritualizadas, tendo ou não religião, têm mais qualidade de vida. Os índices de hipertensão e doenças cardíacas são mais baixos. Elas se alimentam melhor, possuem menos tendência ao tabagismo e alcoolismo. Pesquisas também comprovam que a espiritualidade ameniza os sintomas de doenças crônicas, como a AIDS e o câncer.

A fé faz o indivíduo ter pensamentos positivos, o que é essencial para enfrentar qualquer problema. O paciente aceita o tratamento e segue todas as recomendações médicas, pois sabe que elas farão a diferença. O tempo de internação é menor para quem possui fé.

Enfim, a espiritualidade torna as pessoas mais felizes. Elas são altruístas, se envolvem menos em brigas e apresentam taxas de suicídio menores que as pessoas sem fé. Monezi relata que indivíduos espiritualizados não se desesperam diante das adversidades, porque sabem que não estão desamparadas.

Excelentes Motivos para Cultivar Sua Espiritualidade

  • Sistema imunológico mais eficaz.
  • Melhoria na saúde vascular.
  • Sentem-se fortes diante de qualquer adversidade.
  • O tempo de internação é bem menor em relação aos que não possuem fé.
  • São menos propensos a depressão e demais doenças da alma. Se entram em depressão, a recuperação é mais rápida.
  • Têm menos riscos de ter hipertensão, acidente vascular cerebral (AVC) e doenças coronarianas.
  • Apresentam baixos índices de mortalidade.

O Conceito de Religião e Religiosidade

Geralmente, ouve-se a velha definição de religião a partir de sua origem etimológica latina de “religar”. A religião é entendida como uma dimensão da vida social e cultural capaz de organizar modos de sentir, fundamentando-se em ritos, dogmas e credos, tabus e códigos morais de cada tradição de fé. Se religião é um fenômeno social, poderíamos dizer que religiosidade é um fenômeno subjetivo, portanto individual.

Assim, religiosidade seria uma manifestação não institucionalizada, uma visão de mundo e não um erro cognitivo ou um desvio afetivo cometido na interpretação de um fato particular do sistema religioso. A religiosidade ajuda na construção de um sentido para a vida e na compreensão do mundo, norteando profundamente a vida daqueles que a ela recorrem, estruturando práticas cotidianas e cumprindo um papel significativo de suporte social. Entretanto, devemos reconhecer que nem sempre a religiosidade se manifesta por meio de religiões institucionalizadas.

Diferente da espiritualidade, que está fundamentada nos conteúdos universais de todas e de cada uma das tradições de fé. Por exemplo, quando se discute quem vai para o céu e quem vai para o inferno, ou se Deus é a favor ou contra o divórcio, discute-se religião. Quando se discute se o correto é a reencarnação ou a ressurreição, a teoria de Darwin ou a narrativa do Gênesis, e se o livro certo é a Bíblia ou o Corão, discute-se religião. Quando alguém pergunta se a instituição social é espírita kardecista, evangélica ou católica para decidir se deve ou não entrar nela, discute-se religião.

O problema é que toda vez que se discute religião, o que se assiste é uma promoção do sectarismo e da intolerância. A religião coloca de um lado os adoradores de Alá, de Yahweh e de Jesus, sem falar nos adoradores de Shiva, de Krishna, os devotos do Buda, e por aí vai. Existem grupos religiosos que desejam a extinção dos que pensam e creem de forma diferente, e isso se dá por meio da violência seguida muitas vezes de morte ou pela conversão coercitiva à sua religião, o que faz com que os diferentes deixem de existir, pois se tornam iguais a nós, ou pelo extermínio puro e simples, como já aconteceu e ainda acontece ao longo da história, através de assassinatos em nome de Deus, ou melhor, em nome de um deus com "d" minúsculo, isto é, um ídolo que pretende se passar por Deus.

É por isso que quando concentramos a atenção e ação em valores como reconciliação, perdão, misericórdia, compaixão, solidariedade, amor e caridade, espaço da manifestação da espiritualidade, desenvolvemos atributos que escapam do lado obscuro da religião. O fato é que quando se está impregnado de espiritualidade, e não de religião, promove-se a justiça e a paz. Um exemplo disso encontramos na narrativa lucana no livro de Atos dos Apóstolos:

"Ouvindo eles isto, enfureciam-se no seu coração e rilhavam os dentes contra ele. Mas Estêvão, cheio do Espírito Santo, fitou os olhos no céu e viu a glória de Deus e Jesus, que estava à sua direita, e disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, em pé à destra de Deus. Eles, porém, clamando em alta voz, taparam os ouvidos e, unânimes, arremeteram contra ele. E, lançando-o fora da cidade, o apedrejaram. As testemunhas deixaram suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo. E apedrejavam Estêvão, que invocava e dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito! Então, ajoelhando-se, clamou em alta voz: Senhor, não lhes imputes este pecado! Com estas palavras, adormeceu." (Atos 7:54-60)

Em suma, os valores espirituais agregam pessoas, aproximam os diferentes, fazem com que os discordantes no mundo das crenças se deem as mãos no mundo da solidariedade, na busca de superação do sofrimento humano, que a todos nós humilha e iguala, independentemente de etnia, gênero e religião.

Muitos pensadores cristãos fizeram questão de não associar a fé cristã a uma religião. O crítico mais conhecido foi Karl Barth, que dedicou uma vigorosa seção ao tópico “A abolição da Religião”. Segundo ele, de forma inequívoca, religião é descrença e descrença é pecado. Para Emil Brunner, “a revelação [cristã] não deveria ser chamada de ‘religião’, porque religião é produto da cegueira pecaminosa do ser humano”. Nos EUA, o destacado teólogo Paul Tillich, em um trabalho recente, desculpou-se por ter utilizado o termo. Na Inglaterra, o dedicado escritor C.S. Lewis observa que o termo religião é abominável, raro nas Escrituras e difícil de ser imaginado nos lábios de Nosso Senhor. O teólogo e mártir alemão Dietrich Bonhoeffer ansiava por um “cristianismo sem religião”.

Conclusão

A distinção entre religião, religiosidade e espiritualidade é essencial para compreendermos a profundidade e a complexidade das experiências humanas relacionadas ao transcendente. A espiritualidade se destaca como uma dimensão supra-religiosa, inerente à condição humana e não restrita a qualquer tradição religiosa específica. É a busca de sentido e a conexão com questões existenciais profundas que elevam o indivíduo além do universo material.

No contexto cristão, a espiritualidade se manifesta na relação íntima e subjetiva com a realidade divina através de Cristo, promovendo plenitude e integralidade. Esta espiritualidade cristã é caracterizada por ser teocêntrica, cristocêntrica, eclesial, cúltica, pessoal, comunitária e escatológica. Ela transcende uma adesão meramente intelectual a Deus, exigindo uma entrega total de todo o ser.

Em contraste, a religiosidade é um fenômeno subjetivo e individual, enquanto a religião se manifesta como uma dimensão social e cultural, com ritos, dogmas e credos que podem muitas vezes promover sectarismo e intolerância. Contudo, quando fundamentada em valores espirituais como reconciliação, perdão, compaixão e amor, a espiritualidade pode unir pessoas e superar as divisões criadas por diferentes crenças religiosas.

Além disso, a saúde também se beneficia da espiritualidade, pois esta proporciona um modo positivo de enfrentar adversidades, contribuindo para a qualidade de vida e bem-estar emocional e físico.

Em suma, a espiritualidade é um atributo que enriquece a existência humana, promovendo justiça, paz e solidariedade, e diferenciando-se claramente das limitações e conflitos inerentes às expressões institucionais da religião. Assim, compreender e cultivar a espiritualidade é fundamental para uma vida plena e significativa.

Enfim, Cristianismo não é religião, religião não é espiritualidade e religiosidade não é espiritualidade!

Pr. Paulo Mazarem
Teólogo e Cientista da Religião
Faculdade Mais de Cristo
Florianópolis

Referências

Baltazar, Danielle Vargas Silva. Crenças Religiosas no contexto dos Projetos Terapêuticos em Saúde Mental: Impasse Ou Possibilidade? Disponível em: https://teses.icict.fiocruz.br/pdf/vargasdm.pdf. Acesso em: 18 jul. 20.

Dal Forno, Cristiano; Farina, Marianne; Gomes, Nilvete Soares; Espiritualidade, Religiosidade e Religião: Reflexão de Conceitos em Artigos Psicológicos. Revista de Psicologia da IMED, 6(2): 107-112, 2014 - ISSN 2175-5027.

Manoel, Ivan Ap. HISTÓRIA, RELIGIÃO E RELIGIOSIDADE. Revista Brasileira de História das Religiões – Ano I, no. 1 – Dossiê Identidades Religiosas e História. Disponível em: http://www.dhi.uem.br/gtreligiao/pdf/03%20Ivan%20Ap.%20Manoel.pdf. Acesso em: 17 jul. 20.

Religião ou Espiritualidade? Texto de Ed René Kivitz. Disponível em: https://www.itatiaia.com.br/blog/jose-lino-souza-barros/religiao-ou-espiritualidade-texto-de-ed-rene-kivitz. Acesso em: 16 jul. 20.

Sete diferenças entre religião e espiritualidade. Disponível em: https://www.eusemfronteiras.com.br/7-diferencas-entre-religiao-e-espiritualidade/. Acesso em: 16 jul. 20.

Teoria da Religião Norte-americana: Alguns Debates Recentes. Disponível em: https://www.pucsp.br/rever/rv4_2004/t_engler.htm. Acesso em: 16 jul. 20.


[1] A obra-prima “O sentido e o fim da religião” (1962) questiona a validade do conceito de religião. Seria "religião" um termo pleno e totalizante que contempla as milhares de culturas da terra? Não! Na língua árabe, sequer temos uma palavra para a religião, o máximo que se chega é a um conceito bem conhecido chamado Islã, que significa "submissão". É preciso lembrar que a noção de religião revelada foi introduzida na Europa do século XVII. É difícil definir o que caracteriza essencialmente o conceito de religião, até porque o conceito é ocidentalocêntrico. Seria religião magia, por exemplo? James Frazer, em sua obra “Ramo de Ouro”, realiza uma distinção entre a magia e a religião, destacando que, na magia, o operador tenta controlar através de "ritos (ou técnicas)" o mundo e os acontecimentos, ao passo que, na religião, ele requisita o auxílio de espíritos e divindades. Logo, magia e religião são coisas distintas!

[2] Talal Asad é um antropólogo cultural que atua no Centro de Pós-Graduação da Universidade da Cidade de Nova York. Fez contribuições teóricas para o pós-colonialismo, o cristianismo, o islamismo, os estudos rituais e para uma Antropologia do secularismo.

[3] "Timeline" é uma palavra em inglês que significa "linha do tempo" em português.

[4] O vocábulo "místico" aparece no século V a.C. (Ésquilo, Sófocles, Heródoto) significando algo concernente aos mistérios. No platonismo e no gnosticismo, deixou de se referir à relação cultual com a divindade para significar o fundamento divino do ser do mundo, escondido e velado nos ritos, nos mitos e nos símbolos, acessível somente a quem é capaz de um tal tipo de conhecimento.

[5] Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro. (Fp. 1:21)

[6] A religião não rivaliza com a ciência: assim como a fé não nos imuniza.

[7] Etimologicamente, a palavra "religião" pode conter três significados: religio, relegere (= considerar); religio, religare (= religar); e religio, reelegere (= reescolher).

[8] "A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo." (Tg. 1:27). No grego temos o termo θρησκεία (threskeia).

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