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ESTRANGEIROS E PEREGRINOS: UMA PERSPECTIVA HISTÓRICA E BÍBLICA SOBRE IDENTIDADE, MIGRAÇÃO E ACOLHIMENTO



Introdução

 Num mundo marcado por deslocamentos forçados, onde milhões de pessoas se tornam refugiados por causa de guerras, catástrofes naturais, perseguições religiosas, crises econômicas e ideológicas, é urgente, enquanto cristãos, refletirmos à luz da fé sobre essa realidade tão dolorosa quanto complexa.

A cada dia, homens, mulheres e crianças são obrigados a abandonar seus lares em busca de segurança, dignidade e esperança — muitos deles cruzando fronteiras não por escolha, mas por sobrevivência. Outros buscam asilo político ao fugirem de regimes opressores, perseguições religiosas, ou contextos onde sua liberdade de consciência e expressão está em risco.


Diante dessa dura realidade, como deve reagir a Igreja de Cristo? Qual deve ser nossa postura teológica, ética e prática diante do clamor dos que batem à porta de nossas fronteiras geográficas e espirituais?


Desde os seus primeiros livros, a Bíblia apresenta uma visão profundamente humana, espiritual e solidária sobre o estrangeiro, o forasteiro, o imigrante e o refugiado. A experiência do povo de Israel, peregrino e forasteiro em muitas fases de sua história, lança luz sobre a condição dos que vivem à margem, sem pátria e sem voz.


Mais do que uma questão sociopolítica, o tema do estrangeiro é, na narrativa bíblica, também uma metáfora espiritual, apontando para a própria condição humana diante de Deus: todos somos, em última instância, peregrinos nesta terra, em busca de um lar eterno.


Este artigo propõe uma reflexão teológica sobre a diferença entre os conceitos de “estrangeiro”, “imigrante” e “refugiado”, buscando compreender como as Escrituras nos chamam a enxergar, acolher e caminhar ao lado dos que vêm de fora — não apenas como um dever moral, mas como um reflexo do caráter de Deus e do coração do evangelho.

 

2. Um Panorama Histórico da Migração e dos Refugiados: Da Antiguidade aos Dias Atuais        A história da humanidade é, em grande medida, a história dos deslocamentos humanos. Desde os tempos antigos, povos inteiros se moveram em busca de terras férteis, refúgio contra a fome, fuga de perseguições ou em resposta a invasões e guerras. A Bíblia, inclusive, está repleta de narrativas que retratam esse cenário: Abraão migrou de Ur dos Caldeus para uma terra prometidaJacó e seus filhos desceram ao Egito para sobreviver à fomeo próprio Jesus foi refugiado no Egito com sua família para escapar da matança ordenada por Herodes (Mateus 2. 13-15).


Ao longo dos séculos, os deslocamentos continuaram:


▪ Antiguidade e Impérios

Os grandes impérios — egípcio, assírio, babilônico, persa, grego e romano — foram marcados por constantes fluxos migratórios e deportações forçadas. A diáspora judaica é um exemplo claro: o exílio babilônico, por exemplo, retirou milhares de judeus de sua terra natal e os colocou em situação de estrangeiros forçados. 


▪ Idade Média

Durante as cruzadas, a peste negra e os longos períodos de fome e guerra, populações inteiras foram deslocadas. Minorias religiosas frequentemente buscavam refúgio em regiões mais tolerantes. Um exemplo notável são os judeus que, expulsos da Espanha em 1492, encontraram acolhida no Império Otomano[1]. 


▪ Era Moderna

Os séculos XVIII e XIX testemunharam migrações em massa, especialmente para as Américas, impulsionadas por perseguições religiosas, colapsos econômicos e a busca por novas oportunidades. No Brasil, por exemplo, imigrantes italianos, alemães, japoneses e sírios-libaneses marcaram profundamente a formação da sociedade.

 

▪ Século XX: Guerras e Refugiados

O século XX foi especialmente marcado por crises humanitárias de proporções globais:

  • Primeira e a Segunda Guerras Mundiais geraram milhões de refugiados.
  • Holocausto forçou judeus a buscarem abrigo em diversos países.
  • Guerra Fria, com seus regimes totalitários, produziu perseguidos políticos e dissidentes que fugiram de seus países.
  • desmantelamento de impérios coloniais na África e na Ásia também desencadeou migrações em larga escala.

 

▪ Século XXI: A Crise Global dos Refugiados

Nos dias atuais, a crise migratória atingiu um novo patamar. Segundo a ONU, mais de 100 milhões de pessoas estão deslocadas à força em todo o mundo, sendo que mais de 35 milhões são refugiados reconhecidos. As principais causas incluem:

 

·       Guerras (Síria, Ucrânia, Sudão, Iêmen, Afeganistão)

·       Catástrofes naturais (ligadas, muitas vezes, à mudança climática)

·       Perseguições religiosas e políticas (em regimes autoritários)

·       Violência de facções e cartéis em regiões como América Central.


O Brasil, inclusive, tem sido destino de migrantes e refugiados de diversas nacionalidades — venezuelanos, haitianos, congoleses, sírios, entre outros — que chegam ao país em busca de refúgio, dignidade e um novo começo. Desde o agravamento da crise na Venezuela, o Brasil tem sido um dos principais destinos para cidadãos venezuelanos em busca de melhores condições de vida. De acordo com dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF[2]), entre 2015 e junho de 2024, aproximadamente 568 mil venezuelanos entraram no Brasil. 


Especificamente em 2024, o país registrou a entrada de 94.726 venezuelanos, representando cerca de 48,7% do total de 194.331 migrantes recebidos nesse ano[3].  Esses números refletem a contínua busca por refúgio e melhores oportunidades por parte dos venezuelanos no território brasileiro

 

Etimologia e Conceito

A palavra “estrangeiro” vem do latim extraneus, que significa “de fora”, “alheio”, e carrega a ideia de alguém que não pertence àquele lugar. Já “imigrante” deriva do latim immigrare, que significa “entrar em” — ou seja, é aquele que entra num território com a intenção de ali residir. Na Bíblia, por exemplo, encontramos termos como o hebraico ger (גֵּר) e o grego xenos (ξένος), usados para descrever estrangeiros, forasteiros, ou pessoas que vivem fora da sua terra natal. Esses termos não se referem apenas a deslocamentos geográficos, mas também a uma condição social de vulnerabilidade e dependência, que requer hospitalidade, empatia e justiça.


 

Por sua vez, o termo “refugiado” tem origem no latim refugium, que significa “abrigo, lugar seguro”. É derivado do verbo refugere, que quer dizer “fugir de volta, escapar”. Assim, o refugiado é aquele que foge em busca de refúgio, geralmente forçado a deixar sua terra por motivos de guerra, perseguição, violência ou catástrofes. A ideia de refúgio remete não apenas à fuga, mas também à necessidade de acolhimento e proteção — elementos fundamentais na ética bíblica do cuidado com o vulnerável.


 

Na Bíblia, por exemplo, encontramos termos como o hebraico ger (גֵּר) e o grego xénos (ξένος), usados para descrever estrangeiros, forasteiros ou pessoas que vivem fora da sua terra natal. Esses termos não se referem apenas a deslocamentos geográficos, mas também a uma condição social de fragilidade, desamparo e dependência, que exige dos que estão “em casa” uma resposta marcada pela hospitalidade, empatia e justiça. O estrangeiro na Escritura é muitas vezes colocado ao lado da viúva e do órfão — representando as camadas mais desprotegidas da sociedade, que clamam por compaixão e inclusão.



O Estrangeiro no Antigo Testamento

Deus instrui o povo de Israel a tratar o estrangeiro com amor e justiça. Essa ordem está enraizada na própria experiência de Israel como povo que viveu em terra alheia: “Não maltratem nem oprimam o estrangeiro, pois vocês foram estrangeiros na terra do Egito” (Êxodo 22. 21). 


Uma outra referência bíblica não menos importante está em Levítico 19. 34, onde lê-se: “O estrangeiro residente entre vocês será como o natural da terra. Amem-no como a si mesmos, pois vocês foram estrangeiros no Egito.”   


É importante destacar que essa identificação com a dor do outro revela o coração de Deus pela inclusão do estrangeiro, especialmente em contextos de fragilidade e injustiça. A legislação mosaica incluía o estrangeiro entre os protegidos pela lei, junto com órfãos e viúvas (Dt 10. 18-19), estabelecendo um modelo de justiça social que transcende nacionalismos.


 

O Imigrante e o Peregrino como Metáforas Espirituais

A partir do Novo Testamento, a linguagem sobre estrangeiros e peregrinos ganha uma nova dimensão: torna-se uma metáfora da vida cristã. O apóstolo Pedro se dirige aos crentes como: “forasteiros e peregrinos neste mundo” (1 Pedro 2. 11). 


Ao falar dos heróis da fé, o autor da carta aos Hebreus afirma que eles “confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra”, pois aguardavam “uma pátria superior, isto é, a celestial” (Hebreus 11.13-16). Essa declaração nos convida a refletir sobre a verdadeira identidade do cristão: não como alguém enraizado nas estruturas passageiras deste mundo, mas como alguém que pertence ao Reino de Deus. Essa ideia encontra respaldo em Filipenses 3.20, onde Paulo declara que “a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador”. Em outras palavras, o cristão é um migrante espiritual, alguém que, embora habite este mundo, caminha com os olhos voltados para a eternidade.


Consideramos que essa perspectiva está presente em toda a narrativa bíblica. Um dos primeiros grandes exemplos é Abraão, chamado por Deus a deixar sua terra e sua parentela rumo a um destino desconhecido. O autor de Hebreus diz que ele “saiu sem saber para onde ia” e viveu como forasteiro na terra da promessa, “habitando em tendas”, porque esperava pela “cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador” (Hebreus 11.8-10). A sua vida foi uma peregrinação contínua, marcada pela fé em promessas ainda não cumpridas plenamente neste mundo.


Outro exemplo notável é Moisés, que, mesmo tendo sido criado como príncipe no palácio do faraó, recusou os prazeres passageiros do Egito para se unir ao povo de Deus. Ele abandonou o conforto da corte e preferiu o sofrimento com os hebreus, pois “tinha em vista a recompensa” e “permaneceu firme, como quem vê aquele que é invisível” (Hebreus 11.24-27). Moisés também liderou o povo de Israel em uma longa jornada pelo deserto, símbolo da peregrinação espiritual rumo à terra prometida.


Não obstante, a história de José do Egito também reflete essa verdade. Ainda que tenha alcançado poder e prestígio como governador do Egito, ele nunca perdeu de vista sua identidade e esperança nas promessas divinas. Ao fim de sua vida, pediu que seus ossos fossem levados de volta para a terra prometida, demonstrando que sua esperança não estava nas conquistas temporais, mas no cumprimento da aliança de Deus (Êxodo 13.19).


Consequentemente, durante o exílio babilônico, o povo de Israel também experimentou o que significa ser estrangeiro em terra alheia. Em Jeremias 29.4-7, Deus orienta os exilados a buscarem o bem da cidade onde foram levados, mesmo sem esquecer sua verdadeira pátria. Essa tensão entre viver o presente com fidelidade e esperar pela restauração futura é um retrato da vida cristã: estamos no mundo, mas não somos dele.

 

Jesus e o Estrangeiro

O próprio Jesus Cristo é o maior exemplo de peregrino. Em Mateus 8.20, Ele afirma: “As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.” É importante lembrar que a vida de Jesus Cristo foi marcada pela itinerância, desapego e obediência ao Pai, com o coração voltado para a missão eterna do Reino.


Da mesma forma, os apóstolos e os primeiros cristãos viveram como forasteiros em meio a um mundo hostil. Pedro, em sua primeira epístola, dirige-se aos crentes como “forasteiros da dispersão” (1 Pedro 1.1) e os exorta a viverem como “peregrinos e estrangeiros” (1 Pedro 2.11), mantendo uma conduta santa e distinta, como cidadãos do céu vivendo temporariamente em terra estrangeira. 


Esses exemplos bíblicos nos mostram que a vida de fé sempre envolve um elemento de deslocamento, de transitoriedade, de não-conformismo com os valores deste mundo. O cristão é alguém em movimento — não em busca de um lugar geográfico, mas de uma realidade eterna. Assim, como migrantes espirituais, nossa jornada é alimentada pela esperança da pátria celestial, onde finalmente encontraremos descanso, pertencimento e plenitude em Cristo.


Conclusão

Diante de uma sociedade cada vez mais marcada por muros simbólicos e fronteiras ideológicas, é fundamental que os cristãos reconheçam que sua verdadeira cidadania está no céu (Filipenses 3.20) — e que, por isso, sua lealdade suprema não está vinculada a uma nação, etnia ou cultura terrena, mas ao Reino de Deus.


A partir dessa identidade celestial, somos chamados a viver com os olhos fixos na eternidade, mas com os pés firmes na prática do amor, da justiça e da hospitalidade. Não há espaço, portanto, para xenofobia, racismo, exclusão ou nacionalismos idolátricos no coração daqueles que seguem a Cristo. Se somos peregrinos e estrangeiros neste mundo, como poderíamos rejeitar, com indiferença ou desprezo, aqueles que também vivem à margem, em busca de refúgio, paz e dignidade?


A teologia da peregrinação nos liberta do orgulho territorial e nos conduz a uma ética do acolhimento. O Evangelho não constrói muros — ele derruba as barreiras de separação (Efésios 2.14) e reconcilia povos em um só corpo. Como embaixadores do Reino (2 Coríntios 5.20), nossa missão é viver de forma que revele o caráter de Deus, o qual “ama o estrangeiro, dando-lhe pão e roupa” (Deuteronômio 10.18), e nos convida a fazer o mesmo.


        Portanto, mais do que tolerar o diferente, somos chamados a abraçar o outro com o amor com que fomos abraçados por Cristo, lembrando que, um dia, também fomos forasteiros — não apenas em terras distantes, mas na nossa relação com Deus, até que Ele nos acolhesse como filhos. Se essa é a nossa história, que também seja o nosso testemunho.


A Bíblia nos convida a olhar o estrangeiro e o imigrante não com suspeita ou indiferença, mas com compaixão, empatia e justiça. Mais do que isso, ela nos lembra que todos somos peregrinos nesta terra, caminhando para um lar eterno.


Enfim, a verdadeira identidade do cristão não está em sua nacionalidade terrena, mas em seu pertencimento ao Reino de Deus. Por isso, a Igreja deve ser o espaço onde estrangeiros são acolhidos, imigrantes são integrados e todos encontram um lar em Cristo. Que jamais esqueçamos: “Vocês foram estrangeiros na terra do Egito...”


Paulo Massarin

Teólogo e Cientista da Religião

Faculdade Mais de Cristo - Florianópolis


REFERÊNCIAS:

 

ACNUR – Alto Comissariado Das Nações Unidas Para RefugiadosTendências globais: deslocamento forçado no mundo. Disponível em: https://www.acnur.org/portugues. Acesso em: 09 abr. 2025.

 

BÍBLIA. Português. Bíblia de estudo NVI. São Paulo: Editora Vida, 2006.

 

BRUEGGEMANN, Walter. God, neighbor, empire: the excess of divine fidelity and the command of common goodWaco, TX: Baylor University Press, 2016.

 

CASTLES, Stephen; DE HAAS, Hein; MILLER, Mark J. The age of migration: international population movements in the modern world. 6. ed. London: Palgrave Macmillan, 2020.

 

CONSELHO MUNDIAL DE IGREJAS. A Igreja e os migrantes: chamado à acolhida cristã. Genebra: CMI, 2011.

FRANCISCO, Papa. Mensagem para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado. Vaticano, diversos anos. Disponível em: < https://www.vatican.va/content/francesco/pt/messages/migration.index.html.> Acesso em: 09 abr. 2025.       

 

HALTER, Michael; SMAY, Hugh. Acolher é evangelizar: a hospitalidade como estilo de vida cristão. São Paulo: Mundo Cristão, 2010.

 

SOBRINO, Jon. Jesus, o libertador: a história de Jesus de Nazaré. Petrópolis: Vozes, 2001.

 

WRIGHT, Christopher J. H. A missão de Deus: desvendando a grande narrativa da Bíblia. Viçosa: Ultimato, 2014.

 

ZOLBERG, Aristide R. A nation by design: immigration policy in the fashioning of America. Cambridge, MA: Harvard University Press, 2006.


[1] O Império Otomano foi um império islâmico fundado no final do século XIII (por volta de 1299) por Osmã I, líder de uma tribo turca. O nome “otomano” vem de Osmã (ou “Ottoman” em francês/inglês). Ele durou até 1922, quando foi oficialmente dissolvido após a Primeira Guerra Mundial, dando lugar à República da Turquia, liderada por Mustafa Kemal Atatürk. 

[2] UNICEF. Crise migratória venezuelana no Brasil. 2024. Disponível em: < https:www.unicef.org/brazil/crise-migratoria-venezuelana-no-brasil. > Acesso em: 9 abr. 2025.

[3] AGÊNCIA BRASIL. Brasil recebeu 194.331 migrantes em 2024. 2025. Disponível em: < https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2025-02/brasil-recebeu-194331-migrantes-em-2024.> Acesso em: 9 abr. 2025.

 

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