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Mostrando postagens de 2019

O SONHO DOS RATOS

Era uma vez um bando de ratos que vivia no buraco do assoalho de uma casa velha. Havia ratos de todos os tipos: grandes e pequenos, pretos e brancos, velhos e jovens, fortes e fracos, da roça e da cidade.  Mas ninguém ligava para as diferenças, porque todos estavam irmanados em torno de um sonho comum: um queijo enorme, amarelo, cheiroso, bem pertinho dos seus narizes. Comer o queijo seria a suprema felicidade…Bem pertinho é modo de dizer. Na verdade, o queijo estava imensamente longe porque entre ele e os ratos estava um gato… O gato era malvado, tinha dentes afiados e não dormia nunca. Por vezes fingia dormir. Mas bastava que um ratinho mais corajoso se aventurasse para fora do buraco para que o gato desse um pulo e, era uma vez um ratinho…Os ratos odiavam o gato.  Quanto mais o odiavam mais irmãos se sentiam. O ódio a um inimigo comum os tornava cúmplices de um mesmo desejo: queriam que o gato morresse ou sonhavam com um cachorro.  Como nada pudessem fazer, reuni

RISO E AS SUAS FACES PSICOLÓGICAS E POLÍTICAS

--> A Bíblia, código moral do judaico-cristão, condena o riso em vários momentos. Se os Evangelhos nunca relatam Jesus a rir, Deus ri, mas com raiva ou desdém [Sl 59:8; Pv 1:26]. Não sendo este trabalho uma discussão exegética, este regresso ao texto religioso vem a propósito da necessidade de secessão entre o riso e o humor. Na Antiguidade grega, a maior parte dos comentários filosóficos sobre humor e riso estavam focados no riso jocoso e gozador, no riso que diminui uns e hiperboliza outros [Aristóteles 2011] em vez de tratar do riso originado na comédia e das piadas. Tal como nas escrituras judaicas, também alguns gregos ilustrados condenavam o riso [Platão 360 a.C.; Isócrates 1872; Epiteto 2012]. Na  República , Platão sugere que os Guardiões da cidade devessem evitar o riso e mesmo as pessoas comuns não se devem deixar contaminar pelo riso em excesso, porque o filósofo considerava o riso como uma emoção que ultrapassa o autocontrole [ A Repúb

MONTE DAS OLIVEIRAS

Não há como negar Jerusalém (cidade velha) é carregada de espiritualidade, intensa e caótica, mística para uns, calvário para outros. O fato é que nela se concentram as três grandes tradições monoteístas, mais expressivas do mundo. A saber o judaísmo, cristianismo e o islamismo! Para os judeus o epicentro da fé é o muro das lamentações, parte ocidental do paredão de contenção que segurava a esplanada sobre o bíblico Moriá, onde foi erguido e derrubado o templo de Salomão e, séculos depois, o segundo templo, pelo rei Herodes, também destruído, desta vez pelos romanos, no ano 70.  No alto da esplanada hoje estão as mesquitas de El Aqsa e do Domo da Rocha, com sua cúpula dourada, ambas construídas no século 7 e que representam o terceiro lugar mais sagrado para o islamismo, depois de Meca e Medina.  Já na via dolorosa, existem 14 estações todas elas percorridas, sinalizadas e problematizadas em nossa pesquisa. Lá está o Santo Sepulcro, local onde se acredita que Jes