Willian Du Bois (1868-1963)
Muito se disse a respeito da "emancipação negra" dos Estados
Unidos, porém o que muitos não sabem é que Willian Du Bois (1868-1963), sociólogo
e historiador, foi quem exerceu profunda influência sobre Martin Luther king, Jr. Sim,
Luther King aquele que viria, logo depois de seu percursor encarnar a figura
messiânica da luta pelo combate a segregação racial, Luther King citou muitos
textos de Du bois como grande influência para sua decisão de se tornar um
militante na batalha contra a segregação racial pela igualdade racial na
América.
É de suma importância ressaltar que Du Bois se revelou uma
excepcional promessa acadêmica desde jovem. Ganhou uma bolsa na Universidade Fisk
e passou dois anos na Alemanha, estudando em Berlim, antes de ingressar em
Harvard, onde escreveu uma dissertação sobre o tráfico de escravos. Foi o
primeiro afro-americano a se graduar em Harvard com um doutorado.
Em paralelo à carreira ativa como professor universitário e
escritor, Du Bois envolveu-se em um movimento dos direitos civis e na politica
racial. Às vezes, seu julgamento político foi posto em dúvida: numa ocasião
célebre, escreveu um ardente panegírico depois da morte do ditador soviético Josef
Stálin. De qualquer modo, Du Bois permanece uma figura importante na luta pela
desigualdade social, graças ao que Martin Luther King chamou de “insatisfação
divina com todas as formas de injustiça”.
Du Bois considerava o racismo e a desigualdade social dois
dos principais obstáculos a uma vida de excelência. Ele rejeitava o racismo
científico- a ideia de que negros são geneticamente inferiores aos brancos-,
predominante durante a maior parte de sua vida. Como desigualdade social não
tem base na ciência biológica, ele a considerava um problema puramente social,
que só poderia ser tradado por meio do compromisso e do ativismo político e
social.
O racismo foi sempre o alvo principal das críticas de Du
Bois, sendo que ele sempre denunciava os linchamentos de negros, as leis de Jim
Crow e a discriminação na educação e no emprego em seus escritos. Sua causa
também incluía as chamadas pessoas de cor de outros países, principalmente
aquelas da África e da Ásia, que, à época, lutavam contra o colonialismo e o
imperialismo. Ele foi o proponente do pan-africanismo[1]
e ajudou a organizar vários Congressos Pan-Africanos para defender a libertação
das colônias africanas das potências europeias. Durante sua vida, Du Bois fez
várias viagens para a Europa, a África e a Ásia. Após a Primeira Guerra
Mundial, ele pesquisou sobre as experiências de soldados afro-americanos na
França e denunciou a intolerância presente no Exército dos Estados Unidos.
Em sua mensagem, Du Bois lembrou-nos que a tarefa de
alcançar uma sociedade mais justa está incompleta. Ele afirmou que cabe às
gerações futuras acreditar na vida, a fim de que possamos contribuir para a
concretização do “florescimento humano”.
“Sempre”, escreveu Du Bois, “os seres humanos irão viver e
progredir para uma vida maior, mais ampla e mais completa”.
É como se Du Bois estivesse dizendo que devemos acreditar na
possibilidade de uma vida mais completa ou na possibilidade de progresso, de
sermos capazes de progredir. Nessa ideia, Du Bois mostrou a influência do
movimento filosófico americano conhecido como pragmatismo[2],
que afirma que o que importa não são apenas nossos pensamentos e crenças, mas
também as implicações práticas deles. Du Bois ainda disse que a “única morte
possível” é perder a crença na perspectiva do progresso humano. Há também,
aqui, alusões a raízes filosóficas mais profundas, voltadas para a antiga ideia
grega de eudaimonia ou “florescimento
humano” – para o filósofo Aristóteles, isso envolvia viver uma vida de
excelência (árete) baseada na virtude
e na razão.
Obras- chave
1903 As almas da gente negra
1915 O negro
1924 The gift of black folk
1940 Dusk of dawn: an essay toward an autobiography of a race concept
Obras- chave
1903 As almas da gente negra
1915 O negro
1924 The gift of black folk
1940 Dusk of dawn: an essay toward an autobiography of a race concept
Referências:
O livro da filosofia./ [tradução Douglas Kim]. – São Paulo:
Globo, 2011. Pg 234-235.
W.E.B. Du Bois. Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/W.E.B._Du_Bois>
Acesso em> 16 Out. 2014.
[1] Pan-Africanismo
ou Panafricanismo, vem do grego, pan (toda) e africanismo (referindo-se a
elementos africanos). A origem do termo é inserido na corrente
filosófica-política historicista do século XIX sobre o destino dos povos. É
discutido se a autoria da expressão pertence a William Edward Burghardt Du Bois
ou Henry Sylvester Williams.
[2]
Final do século XIX e início do século XX- Os pragmáticos, como Charles Sanders
Peirce e Willian James, dizem que devemos julgar os valores das ideias em
termos de sua utilidade.
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