Todas as crenças através do mundo e das épocas consagram um papel essencial ao peixe. O único a ter sobrevivido ao famoso dilúvio, o peixe, armado dessa força vital, detém também aquela qualidade de viver entre duas águas, na proximidade do mundo dos homens e bem acima dos abismos, fontes do caos primordial. O peixe vive num mundo proibido aos seres humanos. Apavorado pela força dessas aguas, consciente de que uma morte no mar é uma morte sem sepultura, portanto sem acesso a uma vida eterna, o homem atribuirá ao peixe qualidades vitais de fertilidade e cura. Certos médicos dos reis assírios vestem um traje de peixe para cuidar melhor seus pacientes, e, 2 mil anos mais tarde, o próprio Jesus será qualificado de “grande peixe”, ou seja, “ médico dos médicos” da humanidade. Na china, o peixe é obrigatório numa refeição de casamento. Suas centenas de ovos simbolizam a fertilidad...
Procuramos por uma epistemologia, mas encontramos saberes! Nossa herança cartesiana dissolveu-se diante de outras geografias. Enfim, a ecosofia acaba por desvelar a intenção daquela velha monocultura.