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UMA BREVE HISTÓRIA DO CULTO AO FALO



Uma dose de conhecimento histórico, i.e., religiológico, (sim só um pouquinho) é suficiente para deixar nossos pudores embaraçados, uma vez que sexualidade sempre estivera imbricavelmente relacionado a religião parte constitutiva da humanidade.                             

Uma historicização a respeito do “falo” ou de seus simulacros (objetos construídos para veneração)  nos períodos arcaicos da história humana, revelará que toda esta carga latente de erotização que (o Ocidente) se dá (eu) ao pênis hodiernamente, está equidistante da concepção que os antigos tinham a respeito da (o) genitália (órgão sexual) masculino. Muitas culturas, incluindo o Egito, Pérsia, Síria, Grécia, Roma, Índia, Japão África até as civilizações Maia e Asteca viam no culto ao pênis uma tentativa de alcançar o favor da fertilidade e à procriação da vida.


   Porém, ao que tudo indica o falocentrismo cúltico veio da Índia, com a prática do Brahman de adorar o pênis do deus supremo, Shiva. 


   A escultura de seu pênis era usada como uma representação do própria divindade.  É interessante ressaltar que em tais culturas inicialmente o pênis era utilizado como um amuleto na tentativa de proteger o seu portador que materializava sua convicção religiosa a partir da confecção de um cordão que o cultuam-te utilizava no pescoço para afugentar os maus espíritos ou qualquer outra praga decorrente de algum infortúnio ou encantamento. Assim o poder não estava num simples objeto ereto, mas num falo (pênis) consagrado para uma especifica e determinada finalidade.

     Destarte, que era na ritualização do objeto que residia o poder de legitimar em nome do falo e através dele à crença de que aqueles que assim procedessem, uma vez iniciados estariam imunes a qualquer á qualquer dissabor tétrico decorrente dos infortúnios da existência.

      No entanto, é certo sublinhar que o culto ao pênis era mais do que uma proteção contra os maus espíritos era também uma forma de veneração ao falo cujo culto exaltava a súplica pela fecundidade, isto é, estéreis nutriam meta-esperanças e uma certeza de que por uma vez ou ininterruptas vezes o quanto fosse necessário, aquele ou aquela cujo motivo lhe impedisse o fato de não somente gerar prole, mas também de ter felicidade sexual, deveria para isto o iniciado ou o cultuam-te suplicar, venerar e até mesmo adorar o pênis, para que ele fosse generoso e concedesse uma  benevolência, dádiva ou favor.

     É óbvio que atualmente muitos grupos entendem o culto ao “falo” e o relacionam a algo promíscuo, erótico, demoníaco, exótico demais por assim dizer. O que em tese equivale dizer que o olhar Ocidentalocêntrico sobre o fenômeno engessa a compreensão psicológica do que significa verdadeiramente a experiência para o believer.

Mas, há outro grupo, estes são aqueles cuja mente está em total conexão com a crença no milagre confirmando a convicção não só religiosa, mas também de pertença sentimentalmente cultural que intensifica ainda mais a certeza de milagre.

      As imagens abaixo são de sacrários abertos e naturais abrigados pela própria natureza, onde o pênis faz  parte da convicção religiosa de variegadas culturas, (no caso Índia, Japão e Tailândia).

     Hoje existem pessoas falando de hipersexualidade ou de ditadura falocêntrica. O que em tese nada mais é do que uma exaltação machista impositiva, verticalizada que privilegia uma grupo sexual, marcado por uma masculinidade que se impõe desde o Paleolítico, a e que se entende dentro de uma nova cronotipia cujo alcance próximo é aquele marcado pela revolução agrícola (Neolítico). Que percebeu na semente a relação com o sêmen e que por sua vez, re-alocou o homem no mundo posicionando-o no centro dessa cosmovisão, garantindo-lhe naqueles dias arcaicos, um antropocentrismo do qual há muito já foi falado.
Mas, antes que alguém pense que estou a fazer apologia ao feminismo, deixe-me lhe informar que o objetivo desse opúsculo não é legitimar nenhuma forma de machismo, pelo contrário, o propósito é  mostrar que a masculinidade associada à ideia de fertilidade produziu nas mais diversas tradições humanas um forma  especifica e comum de religião, inscrevendo-a nas mais diferentes culturas uma relação intercultural e metanatural, pois, ao mesmo tempo que o órgão humano é elevado a categoria de divindade, ao mesmo tempo é agente psíquico garantidor de culto por si mesmo, por garantir universalmente aquela concepção de que o sêmen é responsável pelo nascimento, fertilidade, etc...

    Isso, equivale dizer que todas as culturas fizeram sua leitura e uma hermenêutica religiosa, artística e idiossincrática do pênis, muitas delas às vezes ambivalentes em relação à cultura próxima por assim dizer vizinha, residindo entre elas analogias paradoxais resultantes de uma leitura tensa e conflituosa do objeto sagrado.






Porém, ainda hoje a celebração e culto ao pênis vigoram e é no Japão que reside essa crença arcaica e atualizada de que o pênis é símbolo de fertilidade e procriação.

Pra se ter uma ideia em 2012 na cidade de “Kanamara Matsuri” mais de 13 mil pessoas participaram da festa, com direito a procissões pelas ruas com um pênis gigante, bem como a confecção de doces e pirulitos no formato de um pênis consumível que se desintegra naturalmente no momento em que é degustado.






Enfim, anualmente centenas de pessoas (homens e mulheres) recorrem à divindade fálica em “Kanamara Matsuri” na tentativa de obter um favor e alcançar uma graça, isto é um filho (a) ou uma espécie de satisfação a dois na vida sexual, outros como já dito participam do evento pelos mais diferentes interesses que vão desde o culto ao turismo.
A festa nessa cidade ocorre pelo menos a quarenta anos e tem sido inundada por curiosos na capital na grande Tóquio.

Para mais informações acesse os links, abaixo:


REFERÊNCIAS:


BBC - Festival de culto ao pênis atrai multidão no Japão. Disponível em <http://www.bbc.co.uk/portuguese/videos_e_fotos/2012/04/120401_festival_penis_et.shtml> Acesso. 24 Mar 2014.

Culto al pene en varias partes del mundo<https://www.youtube.com/watch?v=71fqHZEUW_o> Acesso 24 Mar 2014.

Festival de culto ao pênis atrai 13 mil pessoas no Japão. Disponível <http://g1.globo.com/mundo/noticia/2012/04/festival-de-culto-ao-penis-atrai-13-mil-pessoas-no-japao.html> Acesso 23 Mar 2014.

O culto do pénis. Dísponivel: <http://www.clinicahm.pt/infosaude/o-culto-do-penis.html> Acesso: 24 Mar 2014.

PênisAdoração.Disponível<http://www.soravij.com/showcase/penisworship/penisworship.html> Acesso em 20 Mar 2014.


Comentários

  1. Abril a minha mente, estudei sobre isso mais não me dei conta de que era. Mais ainda estou em busca do amuleto.

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  2. Olá, Paulo Mazarem! Certa vez ouvi uma entrevista com o psicanalista gaúcho Paulo Rebelato, que falou de seu estudo de Antropologia. Disse ele que os patriarcas antigos obrigavam os filhos varões a adorarem seu falo, tendo mesmo que succioná-lo, para mostrar-lhes seu poder sobre eles, e para que não ousassem desejar a própria mãe. Daí surgiu o poste fálico, o obelisco e outras representações do falo do patriarca. O filho varão era obrigado a baixar os olhos, ao falar com sua mãe. As filhas e a mulher do patriarca eram submissas a sua autoridade, assim como os filhos varões. Até aqui chegou o psicanalista em sua entrevista. Fiquei depois imaginando que os filhos varões deviam sentir-se humilhados, como se fossem homens inferiores, mesmo em sua masculinidade. Como não podiam revoltar-se contra o pai, supus que sentissem uma grande necessidade de elevar sua auto-estima ferida. Assim sendo, supus que compensassem seu orgulho ofendido humilhando outros homens, de sua própria geração, no tocante a sua masculinidade. Daí talvez então tenha surgido o machismo, uma tentativa de afirmação da própria masculinidade. Por outro lado, as mulheres, que não passaram por estas experiências, mantiveram mais tranquilidade do que os homens, em relação a sua feminilidade.

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  3. Boa noite estou criando um grupo de adoradores a penis. Phalhus. Me chama no zap para participar. 62. 9985 e 65227. Sou padre adorador de penis.


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