Anselmo
nasceu em 1033 na cidade alpina de Aosta na Itália. Tornou-se monge aos 27 anos
e foi nomeado prior do mosteiro, em 1063, aos 30 anos. Por sua reputação de
grande pensador, escritor e administrados, Anselmo foi obrigado, contra a sua
vontade, a se tornar abade do mosteiro de Bec em 1078. Enquanto ocupava esse cargo,
iniciou um carreira estelar de escritor, com seus dois grandes livros de
teologia filosófica: Monologium (
Monólogo ou solilóquio) e Proslogium
(Discurso).
Essas
obras contêm versões da famosa prova ontológica da existência de Deus e ainda
são publicadas, lidas e debatidas com regularidade nos cursos de filosofia
secular.
Existe
uma história sobre a origem dessa experiência de iluminação, quando cantava no
ofício vespertino como os demais monges em Bec em 1076. Alguém lhe pediu que
fornecesse uma explicação e defesa dos ensinos básicos da fé cristã e estava
contemplando a existência de Deus e o motivo por que o salmista diz no salmo
14: “Diz o insensato no seu coração: Não há Deus”.
Anselmo
se lança para à arquitetura dessa obra, para desenvolver sem o uso da fé na
revelação, um argumento que desmistificasse o discurso não existência de Deus,
(a- sem Theo, Deus.).
Em Monologium e Proslogium Anselmo não apelou em nenhum momento às escrituras nem à
Tradição Cristã, mas somente a luz da Razão.
O
método teológico básico de Anselmo, portanto, não era racionalismo extremado,
conforme alguns consideram, mas uma tentativa de colocar a lógica a serviço da
revelação divina para fortalecer a fé.
Para
Anselmo a lógica é sinal de transcendência, um vínculo entre os nossos
pensamentos e os de Deus. Se fosse logicamente possível negar a existência de
dele, haveria, segundo Anselmo, uma imperfeição na boa criação divina. A
lógica, na sua melhor expressão, aponta para Deus. É por isso que a Bíblia
declara que somente o tolo pode negar a existência de Deus. O Tolo é
irracional. Negar a existência de Deus é irracional.
Até
onde sem tem conhecimento Anselmo foi o primeiro teólogo cristão que tentou
desenvolver uma exposição das crenças cristãs básicas fundamentada inteiramente
na lógica, sem nenhum apelo à revelação divina ou a fé. Essa foi um de suas
principais contribuições para a história da teologia cristã.
Quanto
ao argumento ontológico de Anselmo pode ser
resumido como:
- Deus,
por definição, é o maior de todos os seres possíveis
- Um
ser que não existe no mundo real é menor que um ser que necessariamente
existe em todos mundos possíveis
- Suponha
(por reductio ad absurdum) que Deus não exista
no mundo real
- Se
o maior de todos seres possíveis não existe no mundo real, então ele não é
tão grande quanto um ser que seria quase igual a ele, mas que não existe
no mundo real
- Mas o maior de todos seres possíveis não pode' ser menor que algum outro ser que possa existir, porque a expressão "um ser tal que nenhum outro seja maior que ele é um ser para o qual é possível haver um maior" é uma expressão auto-contraditória.
- Logo, a suposição 3 é falsa. Deus existe no mundo real, e existe necessariamente em todos mundos possíveis. É impossível que Deus não exista. As proposições foram escritas no Proslógio que em latim é Proslogion, (uma obra de Anselmo de Cantuária 1033 - 1099) onde está escrito o primeiro argumento ontológico para a existência de Deus.
Referências:
OLSON, Roger E. História da Teologia Cristã: 2000 anos de
tradição e reformas; Tradução Gordon Chown. – São Paulo: Editora Vida, 2001.
Proslógio. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Prosl%C3%B3gio.
Acesso em 24 Jul 2014.
Paulo Mazarem
Paulo Mazarem
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