A pergunta retórica enunciada na temática proposta é de ordem geográfica. Um budista, por exemplo, não procuraria a Deus, isto, por que o budismo, é uma religião (a) téia, isto é, sem Deus.
Superando os regionalismos, minha insistente pergunta segue sua cadência, por que procuramos Deus?
Deve-se, levar em conta que não nascemos na Ásia, nem sob um regime Marxista-Leninista, e obviamente não nascemos na Índia.
Minha pergunta é para os que nasceram aqui no Ocidente, local que albergou à cultura judaico cristã, transmitida pelos nobres missionários jesuítas que nos presentearam com a monocultura cartesiana. Sim, a pergunta é para nós que não temos consciência histórica de nosso passado, que desconhecemos os dispositivos e mecanismos invisibilizados de dominação epistêmica.
Coitados, (asiáticos, africanos, indianos, etc...) eles não tiveram a mesma sorte que nós ocidentais. Há muitos deles, (exceto alguns) a revelação não os alcançará. Portanto, por que procuramos Deus é a pergunta que eu faço para os ocidentais? E é claro, que eu mesmo terei a chance de responder, uma vez que sou autor da provocação.
Vem comigo ...
Todos devem saber que a ciência até os dias hodiernos não conseguiu (com) provar a existência ou inexistência de Deus. Mas, uma coisa o conhecimento racional conseguiu deixar claro: religião ao contrário do que muitos dizem faz bem para a saúde psicossomática do ser.
Um pouco de Ciência ...
De acordo com o médico americano ¹Andrew Newberg, autor do
livro Why God Won’t Go Away (“Por que Deus não vai embora”, sem tradução em
português), a resposta está na arquitetura neurológica do nosso cérebro. Para
ele, o mais desenvolvido órgão humano é especialmente calibrado para a
experiência espiritual. Newberg afirmou a partir da análise de imagens captadas por
tomógrafos que a oração e a meditação se manifestam no cérebro e concluiu que a neurociência pode elucidar experiências
místicas, deduzindo a partir de tal analise que o conceito "Deus" é fundamental para a sobrevivência
da espécie humana.
Um pouco de história ...
No entanto, se analisarmos historicamente as fenomenologias religiosas e por que não dizer culturais, vamos perceber que desde os paleantropídeos à busca pela transcendência, (ainda que lá tal
experiência venha carregada com outras terminologias a essência em si é a
mesma) é oriunda de incógnitas e perguntas existenciais das quais a ciência humana, ainda não proveu respostas, tais como: o que ocorre com a alma após a morte? Seria essa vida a única vida da qual dispomos? Ou ainda a pergunta vital e ética que o ser humano se depara diante das injustiças subjetivas, coletivas e estruturais que permeiam à vivência humana e que carregam as seguintes ponderações, do tipo, como pode alguém que exterminou, matou, roubou, lesou não pagar aqui e nem depois daqui por suas ações.
Ora, tais reflexões, levam as mentes humanas a seguinte questão, essa vida aqui não pode ser a única forma de vida, seria injustiça cósmica demais. Então, por uma questão de lógica, (ainda que não à mesma utilizada para descrever os processos científicos) deve haver um tribunal metafísico que responsabilize e bonifique cada um por aquilo que realizou no plano que chamamos de plano material ou físico. Nessa perspectiva as religiões se debruçam com as mais diferentes concepções pós-vida, isto é, pós-morte para mitigar os conflitos que recaiem sobre essa temática. Da cosmovisão ocidental a oriental, das hibridizações teológicas aos sincretismos filo-antro-religioso, os homens querem encontrar nos mitos às respostas que nem sempre as epistemologias humanas dão conta.
Não é possível que aquele ou alguém que causou tantos males ao mundo, homens e espécie depois de tudo isso sem ser devidamente ou então a pergunta é por que afinal de contas procuramos Deus?
Quero partir da ideia que procuramos Deus por que nossas conexões neurais predispõem da divindade dentro de nós, porque fomos calibrados para a transcendência,
porque nossa constituição é trina, isto é, não somos apenas matéria ou seres
biológicos, somos espirito, procuramos por Deus por que nada nesta vida nos
basta a não ser Deus. E digo mais procuramos Deus porque o relativismo,
existencialismo, niilismo e historicismo modernos não são capazes de criar
mecanismos para fazer com que a humanidade suporte os sofrimentos causados pela
consciência da "história", consciência dos acontecimentos inexplicáveis
e misteriosos que rondam nossa existência,
procuramos Deus por que deve haver um sentido trans-histórico e teleológico
que justifique nossa busca por ele.
Para que vocês entendam vou contar-lhes uma parábola judaica
que conta a história da princesa e do camponês, vocês conhecem?
Conta-se que um ²camponês desposou uma princesa e esse
camponês esforçava-se para dar o melhor de si e do que tinha para fazê-la
feliz, porém todos os seus esforços eram inúteis, pois a princesa era de
linhagem real e já estava acostumada a uma vida de luxo de maneira que nada do
que ele fazia era suficiente para contenta-la.
Você deve estar se perguntando o que isto simboliza quem são
esses protagonistas.
A princesa da parábola é a alma e o camponês simboliza o
mundo, por mais que o mundo tente preencher o vazio existencial latente da alma
humana ele jamais conseguira.
Foi o bispo de Hipona, S. Agostinho que declarou assim: “Oh,
Deus tu nos criastes para ti mesmo e a nossa alma jamais encontrará paz e
descanso enquanto não retornar para os teus braços”.
O Dramaturgo russo Fidor Dostoievski afirmou o seguinte
existe no homem um vazio do tamanho de Deus e eu complemento dizendo que esse
vazio só Jesus pode preencher.
Por essa razão procuramos Deus por que fomos criados por Ele não no
sentido de posse, mas no sentido de finalidade.
Blaise Pascal diz que Deus só nos criou para si, para um dia
tornar-se um de nós.
Por essa razão procuramos Deus, pois além de sermos criados para
ele temos em nós o “Zoe” que é natureza de Deus.
Shalom
Paulo Mazarem
Referências:
1-
Deus é coisa da sua cabeça. Disponível:< http://super.abril.com.br/religiao/deus-coisa-sua-cabeca-446218.shtml>
Acesso: 04 Ago. 2014
2-
A lei de Moisés, Torá. Rio de Janeiro. Ed.
Sêfer, 1962. p.681
Comentários
Postar um comentário