O
autor inicia o texto abordando a práxis da educação e a base teórica da qual
ela é (está) constituída. Na verdade segundo ele toda prática pedagógica é
norteada por uma concepção filosófica de educação. E é exatamente sobre essa
concepção filosófica que o autor vai se debruçar para clarificar conceituações
que permeiam toda a discussão entre filosofia e educação.
O
autor procura demonstrar que o uso trivial do termo filosofia (gera muitas
vezes) não é equivalente epistemológico, isto é, de conhecimento, uma vez que o
termo “filosofia” alberga em si mesmo um dilúvio de polissemias. E talvez seja
esse o motivo (segundo ele) pelos quais muitos postergam ou abortam a missão de
conhecer a fundo esse saber, uma vez que apenas pessoas extraordinárias e
intelectuais poderiam segundo esse modo de pensar (senso comum) alcançar o
verdadeiro “[1]telos”
da filosofia.
Ora, esse abandono quase sempre traz consigo aquilo que ele chama
de “descrédito”, porém o Luckesi
propõe-se a trabalhar o conceito de maneira simples para que todos possam compreendê-la. Isto por que segundo ele todos tem uma forma de
compreender o mundo, especialistas e não especialistas, escolarizados e não
escolarizados, analfabetos e alfabetizados até por que toda ação é resultado de
uma visão de mundo ou por que não dizer uma filosofia.
Na verdade, a filosofia é
uma espécie de intérpetre, (Hermes) da realidade ou tradutora por assim dizer
do sentir, pensar e do agir humano. Quem vive possui uma
filosofia de vida, porque a vida exige orientação para a prática de valores que
norteiam à vida humana.
No entanto, ele cita uma série de autores que abordam o
tema, como: Arcângelo Buzzi, George
Politzer, Leôncio Basbaum, etc... E assim, encerra dizendo que a vida concreta de
todo homem é assim filosofia!
Luckesi prossegue
retomando a premissa inicial (do descrédito à filosofia, por exemplo), para
sinalizar que uma concepção equivocada de filosofia pode ser instrumento de poder (político) e consequentemente de dominação sobre a massa (povo) que muitas vezes não consegue
perceber os "dispositivos de controle ideológicos" que são produzidos por certos
discursos "anti-filosóficos" onde quem utiliza geralmente são os "maus
políticos" que preferem a "massificação do povo", (motivo esse pelo qual impedem ou
depreciam) do que qualquer forma de "pensamento" e "desdobramento filosófico".
Resumidamente, isso significa dizer que para se combater uma filosofia, é necessária
outra filosofia, que quase sempre está escamoteada, isto é, camuflada no
discurso do dominador e embebido de história com seus interesses e
intencionalidades.
No final do capítulo, ele menciona Anísio
Teixeira que se expressou dizendo que antes das filosofias serem formuladas
enquanto sistemas, à educação, como processo de perpetuação da cultura, já
transmitia visão de mundo e do homem como, por exemplo, os filósofos
pré-socráticos, os sofistas, Sócrates e Platão, etc... O que em suma equivale
dizer que toda cosmovisão de mundo, cosmos, só é efetivada através de processos
educacionais e nesse continuum
filosofia e educação formam um conúbio entre todas as sociedades.
E
por fim, o autor destaca que a reflexão filosófica sobre educação é que dá o
tom à pedagogia, garantindo-lhe a compreensão dos valores que, hoje, direcionam
a práxis educacional e que norteiam o futuro.
Paulo Mazarem
Florianópolis
30
Mar. 16
REFERÊNCIA
LUCKESI,
Cripriano Carlos. Filosofia da Educação. – São Paulo: Cortez, 1994. p. 21-35
[1] Telos- termo oriundo de teleologia
que significa “fim último, finalidade”.
Não confundir telos com teologia.
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