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RELIGIOSIDADE POPULAR E A CELEBRAÇÃO DE CORPUS CHRISTI





Deve-se chamar a atenção para a questão do nome “religiosidade popular”, pois acreditamos que a prática religiosa popular deve ser primeiramente pensada em uma instância psicológico-subjetivo, para num segundo momento ser analisada há nível de fenomenologia “coletiva”, levando em conta, obviamente uma pesquisa que pretenda ser cientifica e religiosa, seja ela “etno” ou “eclesiográfica”.  Com isso deve-se levar em consideração os atores religiosos e o gregarismo que dele decorrem. 

Discutirei isso logo a diante, como a proposta foi análisar a celebração de corpus christi atrelado a religiosidade popular usei aqui o termo “eclesiografia” que é um neologismo pensado exatamente para a pesquisa “fora” da Igreja, pois ‘[1] eclesia’, além de “assembleia” significa “chamados para fora”, foi assim que o termo "Igreja" sensocomunizou-se no movimento pentecostal, por exemplo.                             

No entanto, é válido ressaltar que a proposta aqui será analisar todas as possibilidades hermenêuticas que albergam fenomenologias não apenas objetivas, mas, subjetivas, isto é, para além dos espaços tornados sagrados ou aquém de uma vivência intraeclesiástica, isso equivale dizer que elencar e privilegiar as manifestações do sagrado onde quer que ele se mostre, ou seja, se revele, será nosso imperativo. Destarte que de imediato poderíamos dizer que a característica principal das [2]festas de religiosidade popular tem haver exatamente com o êxodo do templo para as ruas, sejam procissões, peregrinações ou marchas. Outra questão basilar para a compreensão do tema reside na premissa de que às manifestações de religiosidade popular na maioria das vezes é marcada por uma vinculação majoritária com a Igreja Católica Apostólica Romana, que em seu viés de configuração pragmática tende a refletir em sua práxis católico popular as celebrações populares, não em sua versão doutrinaria ou oficial eclesiasticamente falando. O fato é que sejam eles membros da igreja ou simpatizantes dela em sua maioria leiga, acabam por simbiotizar, isto é, trocar elementos simbólicos de expressão popular por uma reinvenção do sagrado em seu próprio contexto atrelando as festas, celebrações e procissões rudimentos oriundos de outras confessionalidades religiosas, a saber: “pajelança indígena, Wicca, religiosidade afro, etc...” ou mesclando seu modus pensandi com aquelas tradições cristãs [3]sectárias oriundas dela, como é o caso das religiões históricas protestantes e [4]pentecostais, que em uma espécie de “bricolagem de crenças” incorporam na práxis religiosa subjetiva, isto é, de cada individuo os elementos necessários para uma nova forma de expressão religiosa que não apenas reconfigura novas dinâmicas religiosas, como inventa ou cria, melhor dizendo posturas e trejeitos inéditos a partir da vivencia especifica de cada individuo, sejam eles através dos gestos, comportamentos ou “[5]Modus tollens” que impossibilita a leitura especifica de uma particular religião que influencia ou que proscreve determinado tipo de comportamento ou conduta do individuo.

Por isso, podemos conjecturar que uma expressão religiosa que pode ser pensada, em dois sentidos.O primeiro é aquele concernente à forma de se praticar determinado tipo de religiosidade, é o caso das [6]benzedeiras e de outras “[7]ações sociais tradicionais” bem como atividades realizadas e pensadas sempre no aspecto subjetivo, cujo fim último acaba refletindo no coletivo. Na cidade de Palhoça, por exemplo, temos o relato descrito no documentário realizado entre os anos de 2002 e 2003, pelo Museólogo [8]Peninha que em sua pesquisa participativa de campo constatou as mais distintas formas de religiosidade popular. Aqui nos deteremos àquela realizada no bairro Barra do Aririu, na casa de Zilma Martins que por um período de quinze anos confeccionou presépios em sua residência. Estes presépios, bem como às decorações eram feitas anualmente no período do Natal, momento particular onde dona Zilma tecia verdadeiras obras de arte em seu jardim, manifestando com esse ato artístico atrelado a [9]religião uma daquelas formas de expressão de religiosidade popular da qual havíamos nos referido. Aqui nesse caso está em pauta à questão psicológica da arte que se torna potencializada pelo principio religioso, que religa o artífice ao mundo, significando-o em seu espaço e tempo, tornando kairótico, o tempo cronologicamente humano, (como é o caso do Natal) e por meio dele conferindo-lhe significado existencial, primeiramente ao individuo que realiza a arte e em instância última à comunidade que testemunha e aprecia de ano em ano a realização das mesmas, criando no individuo que o realiza aquele senso de dever imperativo, isto é, sagrado e ao mesmo tempo criando expectativas periódicas na comunidade que psicoadaptou-se a consumir aquela hierofania artística.          

O segundo sentido é aquele que se refere ao gregarismo, onde indivíduos que partilham de crenças em comum se reúnem a fim de festejar, celebrar e consumir elementos simbólicos ou não de determinada cultura local que por sua vez está sempre atrelada ou fundamentada em pressupostos de matrizes religiosas.  Conquanto, antes de encerrarmos nossa questão aqui problematizada a respeito da “religiosidade popular” e transitarmos para a nossa segunda questão, no caso à celebração de Corpus Christi é necessário dizermos que com essa perspectiva não queremos anular os elementos oriundos de outras vertentes religiosas, como é o caso das tradições africanas, porém é necessário reafirmarmos que as festas populares possuem em comum, uma crença em especial nos “Santos” religando diferentes grupos religiosos, que envoltos na expressão “[10]Santos” se tornam “fora do templo” pariformes e concomitantemente apartidários em relação a sua cosmovisão religiosa, é o caso da festa como Corpus Christi, Divino Espirito Santo, São João, etc... Percebam que as festas de religiosidade popular não estão concatenadas a tradições hindus, budistas ou orientais, elas são identitariamente cristãs o que não impede sincretismos Orientalocêntricos, ainda que inexpressivos.

Porém, o que se percebe se tratando de religiosidade popular ou festas religiosas populares é a dúvida epistemológica que reside na fenomenologia seja ela coletiva ou não, isto é, de se associar religiosidade popular, a festas em que a figura carismática de um líder da religião institucional está ou não presente, etc. Ora, o que credencia uma religiosidade popular (a nosso ver) não é apenas o reconhecimento eclesiástico, por que se assim fosse não seria popular, até por que sempre houve disparidades credais entre a fé do povo e a fé dos sacerdotes. Na verdade, o que acontece é que a igreja estrategicamente reutiliza elementos de uma cultura autóctone para religionalizar comunidades assimétricas, ainda que seja por um momento, isto é, o da festa especificamente. O que de certa forma torna o participante [11]membro ainda que este não seja praticante, pelo menos não devoto da religião, mas parte dela quando necessário, no caso nas festas e nas celebrações populares. Dito, isto! É necessário ressaltar os dois aspectos sociais que a desdobram. O primeiro adequando-se ao pensamento de [12] Weber, ao “agente social” e o segundo conceito albergando uma perspectiva [13] Durkheimiana, a “consciência coletiva”.  Acreditamos que essas duas premissas sociais devem ser colocadas em pauta quando se discute o tema religiosidade popular. Como nossa intensão aqui é descrever o registro de uma visita realizada para observação e análise de uma festa de caráter popular, no caso o corpus Christi, não nos deteremos aqui ao seu aspecto sociológico (se bem que esse sempre deve ser pensado), mas, religioso e psicológico.


CORPUS CHRISTI

A seguir, como já dito nos deteremos aos principais aspectos da festa, dia sagrado para os devotos e fiéis católicos, que ao sair do templo para as ruas contagiam o profano, isto é, levam o sagrado para fora, por meio da procissão afetando o imaginário coletivo da comunidade como um todo, incluindo desigrejados e não cristãos católicos, que respeitam a festa, e com singular continência reverenciam o ato que por sua vez in loco, podemos constatar que até os inconversos demonstravam certo tipo de reverência pela festa, paróquia e a igreja que seguia ao padre e ao [14] ostensório.

O QUE É O CORPUS CHRISTI

O termo vem do latim e significa o “Corpo de Cristo”. Antes de tudo é necessário descrever sua gênese histórica. A celebração teve origem em 1243 em Lieja, Bélgica, no século XII, sendo instituída pelo Papa Urbano IV em onze de setembro de 1264, pela Bula papal “transiturus de hoc mundo”. O objetivo é celebrar o mistério da Eucaristia, ou seja, o Sacramento do Corpo e do Sangue de Cristo.

FERIADO

Enquanto no Timor-Leste Corpus Christi é [15]feriado oficial, no Brasil dia 4 de Junho 2015 somente é feriado regional. Em Portugal Corpus Christi não é feriado mais. Outros países onde Corpus Christi é feriado oficial são a Áustria, Bolívia, Croácia, Liechtenstein e a Polónia. Dia 4 de Junho de 2015 é feriado também em algumas regiões da Alemanha, da Suíça e da Espanha.

LOCAL DE VISITAÇÃO

A pesquisa foi realizada na paróquia [16]Nossa Senhora do Rosário no dia 4 de Junho de 2015, dia em que se comemora o dia de Corpus Christi. O encontro contou com quatro paróquias, a saber: A paróquia do Roçado, São Luiz, São Cristóvão e Nossa Senhora do Rosário. No entanto, é válido ressaltar que outras paróquias se congregaram para comemorar o dia de corpus crhisti ao todo de acordo com a [17]RBS foram 70 paróquias que celebraram a missa solene, seguida de procissão.

A MISSA, OS TAPETES (ARTE) E A RELIGIOSIDADE.

Como se sabe em muitos lugares criou-se o belo costume de enfeitar as casas com oratórios e flores e as ruas com tapetes ornamentados, tudo em honra do Senhor que vem visitar o seu povo. Porém, de acordo com relatos da discente Roseli do curso de ciências da religião da 4ª fase esse belo costume de enfeitar as ruas, por alguns anos já não é mais realizado por ocasião das muitas reclamações feitas pela comunidade. Ela lembra que no passado todos se acordavam muito cedo, pela madrugada e comungavam de uma alegria unânime, pelo fato de não ser apenas um momento sagrado, mas um momento de comunhão entre todos. Hoje em muitas paróquias não apenas a visitada (paróquia Nossa Senhora do Rosário) os tapetes são confeccionados no pátio da igreja, local onde após a celebração e a procissão os mesmos são descaracterizados e o local novamente limpo. Para isso já existe uma equipe responsável tanto pela confecção como pela limpeza, tudo muito organizado como disse uma das integrantes da celebração. Segundo ela para Deus tudo tem que ser feito com ordem.

HISTÓRIA

No dia dedicado ao Corpo de Deus (Corpus Christi), várias cidades brasileiras, organizam procissões, que percorrem as ruas enfeitadas com tapetes. A confecção de tapetes de rua é uma magnífica manifestação de arte popular. Muitos são os materiais utilizados para a feitura dos tapetes tais como: serragem colorida, borra de café, farinha, areia e alguns pequenos acessórios, como tampinhas de garrafas, flores e folhas, é assim que as pessoas montam com arte, tapete por tapete pelas ruas, formando desenhos relacionados ao tema.
Por este tapete passa a procissão. O sacerdote vai á frente carregando o ostensório e em seguida pelas pessoas que participam da festa. Tudo isto tem muito sentido e deve ser preservado.

DEVOÇÃO NO BRASIL

A tradição de fazer o tapete com folhas e flores vem dos imigrantes açorianos. Essa tradição praticamente desapareceu em Portugal continental, onde teve origem, mas foi mantida nos Açores e nos lugares em que chegaram seus imigrantes, como por exemplo, Florianópolis-SC.

ECLESIOGRÁFIA

A pesquisa foi realizada com o intuito de capturar na festa popular religiosa elementos que explicitassem de forma clara os mecanismos de compreensão do fenômeno extraeclesia, isto é, fora da Igreja. Os registros que aqui seguem têm por finalidade comprovar que cada ator social vive sua experiência de forma singular, mesmo estando dentro do coletivo. Do inicio da missa às 09h30minmin/h até o seu término às 10h45min/h da manhã, podemos perceber que o sagrado tem vinculo estreitamente litúrgico e ritualístico, dos cantos, às leituras bíblicas, bem como a homilia realizada pelo Pe. [18]Adão Carlos, cada gesto, cada louvor, cada ação, cada palavra é sempre precedido pelo repertório que organiza do inicio ao fim à celebração, nesse caso a “[19]Eucaristia”. O Pe. Adão Carlos por diversas vezes conscientizou os fiéis e devotos que o ato eucarístico é sagrado e para participar dele é preciso estar em estado de graça. Ora, não apenas o ato eucarístico, ápice do encontro, segundo os fiéis, mas a elevação da hóstia ao ostensório e à partida para as ruas, caracteriza uma preparação que santifica não apenas o pão e o vinho, mas os fiéis que consomem o alimento gerando uma consciência coletivo-mística de sacralidade nos fiéis que como templo de Deus, pós-ritualidade, passam a estar aptos, para difundir essa santidade entre o povo, o que configura um sagrado não apenas no local-fixo, no caso o templo (paróquia), mas cada fiel, como templo e morada de Deus que agora como templo itinerante contagiará a comunidade com aquele “estado de graça” (ratificado pelo padre) quer seja do povo ou do sacerdote, todos como igreja no momento da procissão comungam de uma só crença, “Ele está no meio de nós” esse não é apenas o canto, mas a crença do povo e da igreja de que o próprio Cristo está ali entre eles.                                                                                                                                                                
No entanto, na observação participativa podemos constatar que embora o movimento fosse feito para/com Cristo pelo povo, para o povo e com o povo, o fato da procissão contar com a figura carismática do padre com o ostensório que a principio proscreveria um arranjo coletivo no “modus operandi” celebrativo, que mesmo na representação icônica do próprio Cristo orquestraria uma solenização homogênea, o fato é que cada ator social tem seu próprio jeito de festejar e de celebrar o corpus crhisti, (mesmo com a presença simbólico do filho de Deus), o que nos leva a constatar que na macro celebração comum existe
 a micro celebração incomum que não pode ser ignorada de maneira alguma pelo outsider

Ora, foi exatamente esse olhar que nos possibilitou averiguar as diferentes matizes que se destacam diante de um olhar maximizado. Dentre eles destacamos, por exemplo, os pagantes de promessas, que são aqueles indivíduos que caminham descalços durante todo o trajeto, muitos deles o fazem para pagar como ato de gratidão por uma benção ou graça concedida. Outra questão interessante no trajeto percorrido pela igreja móvel, são as paradas que foram realizadas em frente à três casas, todas elas pertences ao quarteirão onde a igreja está situada. De acordo com [20] Roseli essas concessões para o trajeto eucarístico são realizadas nesse período por fiéis e por simpatizantes da fé católica. Entre uma delas está à senhora que no ano de 2014 perdeu um familiar, “leitmotiv” para comungar nesse período pela alma do finado e conceder o seu espaço para a igreja, no senso de que esse ato de concessão pode beneficiar não só o falecido, mas garantir a aquiescência do beneplácito divino, que pela intercessão do padre e da comunidade pode muito em seus efeitos.

Enfim, entendemos que religiosidade popular como destacada aqui nesse ensaio tem para além do coletivo um significado subjetivo que não pode como já dito ser descartado. É obvio que uma única visita ao campo não pode, em hipótese alguma esgotar o assunto, além do mais estamos conscientes (como já advertidos) de que se tratando de pesquisa em campo, a possibilidade de outras idiossincrasias podem nortear outras concepções, (como entrevistas, etc...) não só enriquecendo a contextura da temática pesquisada, como iluminando lugares não percebidos, quer seja por pesquisadores do tema ou por colegas de curso, (graduandos) que nos precederam na pesquisa sobre o tema. O fato é que todas as ferramentas devem ser colocadas no campo de pesquisa para uma compreensão panóptica do tema e não perspectivista.

Portanto, assim aporeticamente contemos o tema, conscientes de que novos “modus pensandi” podem ampliar ainda mais o assunto e aperfeiçoar a temática.


Paulo Mazarem
Florianópolis
26 maio 16



REFERÊNCIAS:

Significado Corpus feriado facultativo tapetes e história. Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=k-uZsHZMx7w. Acesso: 01 Jul. 2015.
Voz da Igreja. Milagre Eucarístico. Divino Oleiro. Florianópolis, p. 11; Mai; 2013







[1]  Eclesia- Na septuaginta, o termo grego ecclesia foi usado para traduzir duas palavras hebraicas: edah e gahal. A primeira delas é frequentemente traduzida por congregação, nas versões modernas; e a segunda, assembleia. Edhah vem de uma raiz que significa, <>, pelo que indica algum grupo ou companhia que se reuniu em virtude de algum arranjo de nomeação. Por sua vez, gahal vem de uma raiz cujo sentido básico é <>. CHAMPLIM, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. p. 216

[2] Não confundir festas de Religiosidade popular com Religiosidade popular.

[3] Qualquer religião cristã que não esteja ligada a Igreja Católica Romana ou que não tenha a sua benção.

[4]   Paul Freston divide o pentecostalismo brasileiro em três ondas (FRESTON, 1993: 64-112).  A primeira onda tem inicio com a implantação de duas igrejas, a Congregação Cristã (1910) e a Assembleia de Deus (1911) e estende-se até 1950; A segunda onda ocorre nos anos de 1950 e inicio de 1960 em São Paulo; Por fim, a terceira onda – designada também de neopentecostal.

[5] Modus tollens (Latim: modo que nega).

[6] Eu que te Benzo, Deus que Te cura. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=KZvP6VTyIB0 > Acesso: 18 Jun. 15.

[7] Ação Social é um conceito que Weber estabelece para as sociedades humanas e a essa ação só existe quando o indivíduo estabelece uma comunicação com os outros.
Tomemos o ato de escrever como exemplo. Escrever uma carta certamente é uma ação social, pois ao fazê-lo o agente tem esperança que a carta vai ser lida por alguém. Sua ação só terá significado enquanto envolver outra pessoa. Disponível em <http://www.sociologia.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=559> Acesso: 01 Jul. 15.

[8] Religiosidade Popular (Francis Silvy, 2003). Disponível em < https://www.youtube.com/watch?v=4ZMCdkFoNn8> Acesso: 18 Jun. 15. 

[9] Religião é a principio é um termo ocidentalocêntrico que deve ser superado para uma perspectiva que esteja para além de sua etimologia, portanto hoje o termo é “polissêmico” podendo ser considerado e pensado para além de um sistema de crenças, mas, não podemos desconsiderar que enquanto expressão ou experiência religiosa o termo transcenda a sua perspectiva, hoje é possivel falar de religião de forma individual, a partir de qualquer fenômeno que religue o ser humano ao mundo, a natureza, a arte, belo ou qualquer outra forma de vida que seja absolutizada subjetivamente a ponto de ser tornar alvo de devoção particular ou coletiva. Nesse caso poderíamos analisar, por exemplo, o futebol, como uma forma de religião sem mística, mas com aspectos conectivos que o tornam tão sagrado quanto à eucaristia para a vida do devoto.  Paulo Mazarem   

Abaixo seguem os links para verificação da visão aqui proposta.                                                                                         
BARBOSA, R.C; FRANCA, S. M. S; GARCIA, A; GÓMEZ, L. M.T; JORDÃO, M. P; PAIVA, G.D de; SCALA, C. P. Experiência religiosa e experiência estética em artistas plásticos: perspectivas da psicologia da religião. Disponível em:                                     <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79722004000200010>. Acesso 29 Jun. 15.

[10] Santos ou Santo se tornou uma expressão religiosa comum dentro dos principais grupos religiosos na Brasil, por exemplo, no espiritismo temos Chico Xavier, o Homem Santo, na tradição Afro-brasileira nós temos os “Santos”, na igreja católica nós temos a canonização dos “Santos” e a própria Bíblia fala dos “Santos”. Ver 2 Pe. 1.21.

[11] Membros aqui não possui vinculação de fidelidade à estrutura religiosa abordada, membro aqui é um termo flutuante, isto é, retórico, por que mesmo o individuo não estando fidelizado a igreja católica ele se sente igreja por uma questão cultural, hereditária, etc. 

[12] Cada formação social adquiriu, para Weber, especificidade e importância próprias. Mas o ponto de partida da sociologia de Weber não estava nas entidades coletivas, grupos ou instituições. Seu objeto de investigação é a ação social, a conduta humana dotada de sentido, isto é, de uma justificativa subjetivamente elaborada. Assim, o homem passou a ter, como indivíduo, na teoria weberiana, significado e especificidade. É o agente social que dá sentido à sua ação: estabelece a conexão entre o motivo da ação, a ação propriamente dita e seus efeitos.                                                                   COSTA, Cristina. Sociologia, Introdução à ciência da sociedade. 3 ed. rev. e ampl. São Paulo: Moderna, 2005. p. 97
[13] Toda a teoria sociológica de Durkheim pretende demonstrar que os fatos sociais têm existência própria e independem daquilo que pensa e faz cada indivíduo em particular. Embora todos possuam sua “consciência individual”, seu modo próprio de se comportar e interpretar a vida, podem-se notar, no interior de qualquer grupo ou sociedade, formas padronizadas de conduta e pensamento. Essa constatação está na base do que Durkheim chamou de “consciência coletiva”.                                          COSTA, Cristina. Sociologia, Introdução à ciência da sociedade. 3 ed. rev. e ampl. São Paulo: Moderna, 2005. p. 86


[14] Ostensório, ou custódia, é uma peça de ourivesaria usada em atos de culto da Igreja Católica Apostólica Romana para expor solenemente a hóstia consagrada sobre o altar ou para a transportar solenemente em procissão.
[15] Corpus Christi. Disponível em < http://calendario.retira.com.br/info/feriados/corpus-christi/> Acesso: 01 Jun. 15.
[16] A paróquia Nossa Senhora do Rosário fica localizada na Rua do Iano, 1745, Barreiros - São José / SC - 88117-850.


[17] Tradicionais tapetes dão cores especiais ao feriado de Corpus Christi na Praça XV em Florianópolis.  Disponível em < http://horadesantacatarina.clicrbs.com.br/sc/geral/noticia/2015/06/tradicionais-tapetes-dao-cores-especiais-ao-feriado-de-corpus-christi-na-praca-xv-em-florianopolis-4774849.html> Acesso: 01 Jul. 15.
  
[18] Padre Adão Carlos tem cinquenta e três anos e é Sacerdote católico vindo da cidade de Tubarão onde atuou como Padre por um período de dois anos e meio.

[19] Eucaristia.  sacramento central da Igreja, consoante o qual, através das palavras pronunciadas pelo padre, pão e vinho se transubstanciam, respectivamente, no corpo e sangue de Cristo. Disponivel em <https://www.google.com.br/search?q=eucaristia+significado&oq=eucaristia+si&aqs=chrome.1.69i57j0l5.5688j0j4&sourceid=chrome&es_sm=93&ie=UTF-8> Acesso: 01 Jul. 2015.

[20] Roseli Augusta- Discente do curso de Ciências da Religião, 4ª fase e também ministra de Eucaristia da Paróquia Nossa Senhora do Rosário.



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