Em tempos onde confunde-se conexão, com comunhão e vice-versa, surge a necessidade de nos perguntar-mos quem é o nosso próximo? A sociologia de certa forma já nos deu algumas pistas para desprender-mos os conceitos de rede x comunidade em Zygmunt Bauman.
Vejamos:
Em suma, no dizer do próprio Bauman a comunidade precede você, pois todos nascem em uma comunidade. No entanto, ao contrário de comunidade temos o conceito de "Rede". O que é a Rede?
De acordo com Bauman, (um)a rede é feita e mantida viva por duas atividades diferentes. Uma que é conectar e outra que é desconectar. Isto ajuda a explicar aquilo que poderíamos chamar de "sedução das redes". Uma vez que as relações nesses ambientes são voláteis e dispersas e descompromissadas.
Por essa razão, o conceito de próximo e, mais especificamente, de "amizade" se modificam e evoluem por causa da rede. A necessidade de conhecer os outros e se tornar conhecido dos outros é uma necessidade "séria", mas que corre o risco de confundir relações superficiais e esporádicas com a amizade, a comunicação pessoal com o exibicionismo, a vontade de travar conhecimentos com o voyeurismo.
Todas as plataformas de rede social, portanto, são, em seu conjunto, uma ajuda potencial para as relações interpessoais, mas também uma ameaça a elas.
Ao que alguém pode propôr desconectar seria a solução?
De acordo com o filósofo e jesuíta Antonio Spadaro não!
Até por que hoje as mídias mais modernas e, sobretudo para os jovens, já se tornaram irrenunciáveis. Então, resignifica-las seria fulcral para alcançar por meio desse ambiente um número expressivo de pessoas a (com)prometerem-se umas com as outras, para então (re)inventarem-se, convertendo as relações de rede, em relações de comunidade, de pertencimento, de aproximação acima de tudo.
E quem é meu próximo? (Lc 10, 29).
Essa pergunta nos ajuda a entender a comunicação em termos de proximidade. Poderíamos traduzi-la assim:como se manifesta a "proximidade" no uso dos meios de comunicação e no novo ambiente criado pelas tecnologias digitais?
Encontro uma resposta na parábola do bom samaritano, que é também uma parábola do comunicador. Quem comunica, de fato, se torna próximo. E o bom samaritano não só se torna próximo, mas cuida daquele homem que ele vê quase morto na beira da estrada. Jesus inverte a perspectiva: não se trata de reconhecer o outro como alguém semelhante a mim, mas se trata da minha capacidade de me tornar semelhante ao outro. Comunicar, portanto, significa tomarmos consciência de que somos seres humanos, filhos de Deus. Este é o poder da comunicação como proximidade.
E é nesse ponto que - a propósito do titulo desse texto - surge uma pergunta fundamental para um cristão: o que é, para nós, o "próximo" na rede, num contexto no qual todos estão igualmente próximos e distantes?
Essa é uma pergunta que você, apenas você pode responder.
Paulo Mazarem
São José
03 Jan. 17
REFERÊNCIA:
SPADARO, Antonio. Quando a fé se torna social: O cristianismo no tempo das novas mídias; [tradução Renato Ambrosio]. - São Paulo: Paulus, 2016
REFERÊNCIA:
SPADARO, Antonio. Quando a fé se torna social: O cristianismo no tempo das novas mídias; [tradução Renato Ambrosio]. - São Paulo: Paulus, 2016
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