Quem quer
mais do que lhe convém, perde o que quer e o que tem, quem pode nadar e quer
voar, tempo virá que não voe e nem nade".
Falando
dos peixes Aristóteles diz que só ele entre todos os animais não se domam, nem
domesticam, os peixes lá se vivem nos seus mares, lá se mergulham, lá se
escondem nas suas grutas, e não há nenhum que se fie no homem, nem tão pequeno
que confie neles, quanto mais longe dos homens tanto melhor.
No tempo
de Noé, sucedeu o dilúvio que cobriu e alagou o mundo e todos os animais.
E de todos os animais quais se livraram melhor? Os peixes. Todos escaparam, não
só escaparam, mas ficaram muito mais largo que dantes, por que terra e
mar, tudo era mar.
Mas
falemos dos peixes voadores. Que tendo sido criados para nadar, ambicionam o
voar.
Tenho uma palavra, para
vocês peixes voadores.Porém, me respondam, não vos fez Deus para peixes? Por
que vos meteis a ser aves? O fato de Deus ter lhes dado maiores barbatanas lhes
tornam aves?
Me respondam se não é
exatamente isso que lhes tornam tão arrogantes e presunçosas, o fato de pensar
que as suas grandes barbatanas possam serem feitas asas. Não se iludam, “Aos
outros peixes do alto mata-os o anzol ou a fisga, a vós sem fisga nem anzol
mata-vos a vossa presunção e o vosso capricho”.
Aos outros peixes mata-os
a fome e engana-os a isca; ao voador mata-os a vaidade de voar, e a sua isca é
o vento. Quanto melhor lhe fora mergulhar por baixo da quilha e viver, que voar
por cima das antenas e cair morto! Grande ambição é que, sendo o mar tão
imenso, lhe não basta a um peixe tão pequeno todo o mar, e queira outro
elemento mais largo.
Sim, a ambição custa caro
demais. Deus criou, o voador para ser peixe, mas ele quis ser ave. E Deus
deixa que ele seja tanto peixe, como ave, pois você pode ser o que
quiser.
No entanto, por causa de
sua ambição todas as velas tornar-se-ão redes, como peixe, e todas as cordas,
laços, como ave. É uma pena que o seu fim seja dentro de um barco, pois há
poucos instantes atrás nadavas vivo no mar com as suas longas barbatanas, e
agora jazes em um convés amortalhado nas asas. Por quê?
Por que não contente em
ser peixe, quisestes ser ave, e já não és nem ave, nem peixe; nem mais voar
poderás, muito menos nadar. Que tristeza! A natureza te deu a água, tu
quiseste o ar, por este motivo o que te resta é o fogo. “Se você
"peixe voador" insistir em querer ser borboleta das ondas, as brasas
lhe queimaram as asas.”
Portanto,
"Contentai-vos com o mar e com nadar, e não queirais voar, pois peixes é o
que sois”.
Paulo Mazarem
São José
26 Abr. 17
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