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VODU: FENÔMENOS PSÍQUICOS DA JAMAICA


Paulo Mazarem





O livro de Joseph John Williams de 1930, possui 163 páginas e está dividido em 7 capitulos, traduzido originalmente do inglês sob o título Phenomena Psychic of Jamaica, sendo publicado pela Editora Madras. O autor menciona 7 casos de relatos pelo reverendo A. J. E no prefácio e no capitulo primeiro o autor descreve sobre a influência Cultural Ashanti na Jamaica; cap. II aborda a feitiçaria Jamaicana, cap. III pontua sobre a Magia Aplicada, Cap IV Crença popular em fantasmas, Cap V Costumes funerários, cap. VI Poltergeist[1] e encerra o cap. VII realizando uma conclusão.
A obra  traduz com fidelidade os fenômenos psíquicos da Jamaica, todavia o autor  realiza um pano de fundo histórico para descrever o trajeto histórico do povo Jamaicano desde o período da escravidão.  
É importante lembrar que este o faz com bastante zelo metodológico e etnográfico. O autor conta, com riqueza de detalhes, casos de fenômenos psíquicos envolvendo práticas espirituais, caracterizadas, muitas vezes pela prática do domínio, discorrendo o modus operandi em que magia e religião no sentido funcional integram a cultura jamaicana.
Logo, na introdução (realizada por Marcos Torrigo) lê-se que o nome Jamaica é uma corruptela de Xamaica, que na língua dos tainos significava “terra da água e da madeira”.
No intróito da obra fica o registro de que os negros chegaram à Jamaica em 1517, trazidos pelos espanhóis, sendo conquistada em 1655, pela Grã-Bretanha, sendo o leitmotiv da escravutra a plantation, isto é, a monocultura canavieira. O fim da escravidão na Jamaica foi em 1833.
A obra trata especificamente da Obeah[2] a Jamaica, portanto o livro é, um registro de atividades paranormais e eventos insólitos e folclóricos.

É interessante, por que logo no prefácio da obra, o autor deixa escapar a causa para a materialização deste tratado, e pontua que no início de dezembro de 1906, ele visitará a Jamaica pela primeira vez. Ele nos informa que estando em Etward Railway Station (Estação de Trem Etward), naquele dia extraordinariamente tropical, chegando na plataforma, viu um cavalheiro e uma jovem que estavam atraindo muito a atenção. Eram mulatos; muito bem vestidos e com claras indicações de refinamento. Ele destaca que a jovem se comportava de modo histérico, contorcendo mãos, e sibilando entre soluções convulsivos  ao pai, frases: “Pai, não devíamos ter saído de casa hoje. Eu lhe disse que algo horrível vai acontecer”. Cerca de meia hora depois, um terremoto estava acontecendo.
 No dia seguinte ao chegar em Kingston;  a cidade fora transformada em um amontoado de ruínas como um fogo devastador ainda ardendo sobre escombros. Entre a confusão geral eu ouvia, repentidamente, histórias sobre um estranho profeta, que segundo diziam, passara pelas ruas da cidade algumas horas antes do desastre, emitindo um grito de alerta que foi recebido com zombaria pela população.
Normalmente (disse ele) eu não teria dado nenhum crédito a esses rumores, que consideraria apenas mais um entre os numerosos delírios posteriores ao fato, que ocorrem nessas ocasiões. Mas a lembrança da estranha cena que presenciará na estação Ewarton me assombrava, desafiando qualquer explicação que pudesse encontrar.
Anos depois, esse incidente foi publicado no jornal Times, de Londres, do dia 13 de janeiro de 1921, da seguinte maneira:
“Na manhã de 14 de janeiro de 1907, um homem vestindo um manto vermelho, considerando um irresponsável, apareceu em Kingston alertando as pessoas sobre o fato de que antes do anoitecer a cidade seria destruída. Às três horas da tarde, Kingston, e na verdade todas a ilha, foi atingida por um terremoto de grande magnitude, que não apenas deixou uma vasta área da capital em ruínas, mas matou pelo menos 2.000 pessoas". p. 10


Sempre foi, (segundo o autor) do seu propósito conduzir um estudo científico desse fenômeno incomum, que pode ser considerado psíquico, discutindo os incidentes com nativos de todas as classes e cores, e procurando aquelas pessoas consideradas praticantes da feitiçaria do homem negro.

O autor destaca o seu insucesso com os profissionais obeah, uma vez eles eram extremante reservados em relação aos segredos de suas práticas,  e sinaliza que não conseguirá informações importantes, a não ser com clientes desiludidos dos profissionais obeah, que quando envergonhados relatavam as suas experiências pessoais.
  
Em suma, percebe-se claramente que a intenção do autor mais do que descrever às práticas obeah e às superstições que o cercavam, procurou  reunir pesquisas anteriores com o fim de ser o mais imparcial possível, respeitando os critérios cientifícos de análise etnográfica. Após uma breve descrição das várias formas de crenças locais na Jamaica em relação a espíritos brincalhões, sombras e similares, prossegui.  Enfim, como dito inicialmente, Joseph Willians inclui em sua obra os escritos do jesuítas, o reverendo A. J. E, que foi enviado para a Jamaica no ano  de 1895 e que viveu 10 anos em uma atmosfera impregnada de obeah e outras superstições. (O reverendo Abraham J. Emerick, nasceu em Falmouth, Pensilvânia, em 21 de novembro de 1856 e morreu em Woodstock, Maryland, em 4 de fevereiro de 1931.
               


[1] Poltergeist é considerado um fenômeno sobrenatural, caracterizado por manifestações físicas praticadas por supostos espíritos e fantasmas.
[2]    Obeah é uma designação ao profissional praticante, como a prática mágica obeah. Por exemplo: Ele é um obeah ou isto é obra de obeah e mais você voi vitíma de obeah.












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