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A ORIGEM DA ALMA HUMANA




Das teorias sobre a origem da alma humana, somente duas parecem compatíveis com a teologia evangélica: criacionismo e traducianismo. Porém existe muitas outras correntes teológicas e filosóficas que procuram tratar o assunto, a saber a teoria da preexistência da alma, da eternidade da alma e da fulguração. 



É seguida por grandes pensadores como, Aristóteles, Jerônimo, Pelágio, Calvino, católicos romanos e muitos teólogos reformados modernos. O que implica dizer que essa teoria defende que cada alma individual é criada imediatamente por Deus e colocada no corpo no ato da concepção, ou um pouco mais tarde (Theologia, David H. Wietzke).O que significa dizer que a missão dos pais é gerar o corpo e a de Deus providenciar a alma.

Isso significa dizer que para cada pessoa que nasce no mundo, Deus se encarrega de providenciar uma alma para que este corpo gerado possa ser animado.

De acordo com Champlim essa teoria é irreconciliável com a doutrina do pecado original. Porque se cada alma é criada por Deus, poder-se-ia supor então que Deus cria almas pecaminosas, o que é extremamente contrário à sua natureza santa e perfeita. Uma vez que um Deus perfeito não criaria nada imperfeito!

O fato é que o conceito de alma é uma criação grega, cuja evolução é percebida através de Sócrates que fez da alma a essência do homem, Platão que a tornou imortal e Plotino que hipostaseou-a. 

Se observarmos o A.T, por exemplo, vamos perceber que a teologia judaica era absolutamente indiferente com a crença após vida, uma vez que o foco é a terra e não um lugar de habitação extracorporea.















Seguida pelos estóicos e por um dos mais nobres teólogos que a igreja já produziu Santo Agostinho.  Essa corrente defende a tese de que tanto a alma como o espírito são produtos da procriação humana. Sendo os pais aqueles que produzem novos seres sem nenhuma intervenção divina. 

Wayne Gruden contradicta essa tese traducionista apontando para o Salmo 127:3 onde encontramos a declaração de que  (“[...] os filhos são herança do SENHOR, e o fruto do ventre, o seu galardão”) como uma clara indicação que a pessoa inteira, alma e corpo, são uma criação de Deus e, portanto, não podem ser atribuídas aos pais somente (Systematic Theology, pp. 484, 485.) Já Berkhof chega ao ponto de dizer que se a alma de Cristo tivesse sido transmitida dos pais para os filhos desde Adão, Cristo teria herdado o pecado original. O que seria absurdamente inaceitável uma vez que Jesus não tem pecado. A profecia insiste em admitir e pela fé nós cremos que Cristo é o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo! (Jo 1. 29) 

Mas como nada é perfeito os traducionistas contra-atacam os criacionistas destacando como já dito que a teoria criacionista faz de Deus o autor do mal, visto que ele estaria criando almas e forçando-as a se tornarem corruptas ao uni-las a um corpo caído[1].

Por conseguinte, as passagens das Escrituras citadas pelos traducionistas incluem: “E, havendo Deus acabado no dia sétimo a sua obra, que tinha feito, descansou no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha feito” (Gn. 2. 2) e “Porque o varão não provém da mulher, mas a mulher, do varão” (1Co. 11:8).

Em suma a posição traducionista apresenta um entendimento mais simples de como os descendentes de Adão são culpados pelo pecado original.
Já que os criacionistas, defendem que independente de qualquer coisa, Adão é representante federal da geração humana porque o pecado entrou no mundo por causa de através dele tendo na teologia paulina o destaque de que: “em Adão todos pecaram”             (1 Cor. 15. 22).

Nesse sentido surge uma outra corrente explicativa porque tanto a teoria traducionista, como a criacionista são ambíguas em relação ao pecado original e a cristologia.

Porque que se a doutrina criacionista da alma estiver correta Deus cria almas pecaminosas e se os traducionistas estiverem certos Cristo foi maculado através de Maria pelo pecado de Adão, uma vez que ela era mulher e todos nós temos um ancestral comum. (Atos 17. 26)




A TEORIA DA PREEXISTÊNCIA DA ALMA[2] difere destas duas últimas propostas apenas no que diz respeito a Cristo, até porque ela também profaniza o corpo destacando que o homens antes de assumirem a forma humana, eram perfeitos, porém como caíram, foram condenados a um corpo físico, onde encontrarão a sua redenção apenas no momento em que suas almas retornarem para Deus onde experimentarão definitivamente a imortalidade.


Ora, a distinção da teoria da preexistência da alma das demais teorias é que a crença de que nossa alma já existia em algum lugar antes da encarnação é equivocada não tendo nenhum amparo bíblico.

E quando ensinam que a única alma preexistente sem pecado era a alma de Jesus é preciso verificar que a alma de Jesus preexistia em sua divindade e não na sua humanidade. Paulo disse que ele é antes de todas as coisas. (Col. 1. 17; Jo 1. 1) diferente do ser humano que teve em termos históricos um dia onde biblicamente foi criado a imagem e semelhança do seu criador. (Gn 1. 26)

O fato é que os pais alexandrinos acreditavam na preexistência da alma sem reencarnação na vida física na terra ao passo que outros fazem da reencarnação uma doutrina paralela com a ideia da preexistência. 

Antes de mais nada o que se verifica é que essa teoria destoa da sabedoria sagrada, nos auxiliando a entender o equívoco que essa corrente teológica também comporta.

Enfim, todos os modelos teológicos explicativos até aqui apresentados revelam uma certa deficiência modal e acredito que inexista uma teoria que contemple de maneira orbital este assunto. 

O que podemos dizer é que a teoria da preexistência da alma é inegavelmente incompatível com a bíblia uma vez que além da escritura se calar em relação ao assunto ela também se associa a doutrina reencarnacionista,   tornando insustentável a fé em Jesus e desnecessária a cruz de Cristo, até porque a reencarnação liberta o homem não do pecado, mas sim da ignorância como pregam os budistas e os espíritas.  Sendo a ignorância a fonte de erros e não mais o pecado. De modo que aquele que afirma não ter pecado é mentiroso e com ele não está a verdade. (1 Jo 1. 8-10)  


Alguns estudiosos pensam que a alma seria uma substância semifísica ou mesmo física com modificações de natureza por nós desconhecidas. Outros supõem que a alma se compõe de partículas atômicas, a verdade é que os estóicos já mantinham este ponto de vista, como também os mórmons. 

ideia platônica de alma relaciona-a aos universais, tais como imaterialidade, eternidade, o absoluto e a perfeição. 

Alguns teólogos não aceitam a doutrina tricotômica porque defendem a tese de que o homem é uma unidade que inexistiria sem qualquer uma das dimensões ontológicas, espírito, alma e corpo! 

Todavia é importante destacar que embora o homem seja espiritual, almatico e biológico, nem todo homem é espiritual e almatico, embora sempre seja biológico. Uma vez que não é fato de você de alguém ter espírito que a tornará espiritual, ou alma em alguém afetivo e hipersensibilizado. 


DESTINO DA ALMA 


1-    A mais antiga ideia entre os hebreus é que não existe alma, e, portanto, também não há destino. O destino humano quando muito estaria reservado a ressurreição do corpo. 

2-    O argumento moral de Emanuel Kant a respeito da imortalidade da alma destaca que deve haver um lugar onde a justiça desse mundo se concretiza porque se assim não for esse mundo é um caos. 

3-    Conta-se que um certo rei possuía um lindo pomar, cheio de figos precoces. Esse senhor temendo que seus frutos fossem furtados ou tomados, designou dois guardas para cuidar do pomar, um aleijado e um cego. Tudo ia muito bem até o dia em que ambos começaram a tramar sobre como tomar aqueles deliciosos frutos para consumo e proveito próprio. O aleijado que visualiza aquelas lindas frutas não podia ir até a arvore para toma-las e o cego como só ouvia nada podia fazer. Foi quando o aleijado teve uma brilhante ideia. Ele disse você é cego e não pode colher as frutas eu sou aleijado e não posso ir até a arvore. Permita-me que eu monte em seus ombros e assim lhe conduza até a arvore para que possamos desfrutar dessas delícias. E foi então que o aleijado e o cego consumaram aquela transgressão.

Não demorou muito para o rei perceber que alguém estava mexendo nos seus frutos. Foi quando o rei pergunto para o aleijado onde estavam as suas melhores frutas ao que ele respondeu: Majestade porventura poderia eu que não tenho pernas ir atrás das frutas? O rei então se dirigiu ao cego, quando este retrucou dizendo; porventura poderia um cego colher frutas sem ver? 

Foi quando o rei ordenou que se colocasse o aleijado sobre os ombros do cego mostrando passo a passo como ambos haviam cometido aquele delito.

No dia do juízo, o rei do universo irá se interpelará o corpo a alma e lhe perguntará por que pecaram. O corpo tentando fugir do julgamento dirá não sei do que se trata, veja que assim que a alma saiu de mim, permaneci inamovível e então o eterno perguntara alma porque pecaste ao que a alma dirá foi o corpo pois assim que sai dele voei livremente em sua direção. Então naquele dia Deus colocará a alma no corpo e ambos serão julgados porque Deus há de trazer juízo sobre todas as obras, quer sejam boas, quer sejam más. 



[Salmos 50:4]. ‘…Ele convoca o céu’ – isto é alma. ‘…e a terra’ – isto é o corpo. [A razão por que ambos são chamados é para que Deus possa ‘julgar Seu povo.

Enfim, embora a teologia judaica como já destacada não tenha uma preocupação ontológica como a faz a teologia neotestamentaria o certo é que o homem é uma trindade constítuido de  espírito, alma e corpo. (1 Ts 5. 23)

Sendo, Deus o único ser capaz de distinguir alma, do espírito como disse o escritor aos hebreus. (Hebreus 4. 12) 



By Paulo Mazarem
Florianópolis





REFERÊNCIAS

A ressurreição dos mortos e o judaísmo. Disponível em:                                                            < https://blog.sefer.com.br/ressurreicao-dos-mortos-e-o-judaismo/ > Acesso em: 26 Jan. 20

CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de Bíblia, teologia e filosofia. Volume 1 A-C. 7a. Ed. São Paulo -SP , 2004

EPP #276 | a salvação é da alma ou do espírito? - Augustus Nicodemus. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=7EG6M99uvRo > Acesso em: 26 Jan. 20

TEW, Owen. Traducionismo vs. Criacionismo. Disponível em:                                                         < http://www.monergismo.com/textos/antropologia_biblica/criacionismo-traducianismo.pdf> Acesso em: 26 Jan. 20

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[1] É importante destacar que nestes termos criacionistas num viés de interpretação traducionista o corpo, a matéria é vista como má em contraste com o espírito e a alma que são bons, o que soa bem platônico. 
[2] Nessa ala temos Justino Mártir, Clemente e Orígenes.

Comentários

  1. Gostei muito de ter conhecido seu blog. É maravilhoso. Também sou catarinense. livrosdoromeo.blogspot.com

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