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DESDE CRISTO NÃO HÁ MAIS REIS ENTRE OS JUDEUS. (OS 3. 4)




Entre gregos e bárbaros, de fato, existiram muitos legisladores e também inúmeros doutores e filósofos afirmando oferecer a verdade. Não nos lembramos, porém, de nenhum legislador que tenha podido produzir tal afeto e dedicação nas almas dos povos estrangeiros a tal ponto que estes aceitassem livremente as suas leis ou com toda a alma defendessem as suas intenções. Ninguém houve também que tenha podido sugerir ou dar a conhecer aquilo que lhe pareceu ser a verdade, não digo a muitas nações estrangeiras, mas nem mesmo sequer a um só povo, para que todos alcançassem a sua ciência ou a sua fé. 
E, no entanto, não se pode duvidar que os legisladores gostariam que suas leis fossem obedecidas por todos, se isto fosse possível, e que os mestres apreciariam que aquilo que lhes pareceu ser a verdade fosse também conhecido por todos. Sabendo, porém, que não seria de nenhum modo possível que neles subsistisse tamanha virtude que fosse capaz de convidar as nações estrangeiras à observância de suas leis ou de suas afirmações, nem sequer ousaram começar a fazê-lo, para que não ficassem conhecidos como imprudentes por semelhantes iniciativas ineficazes e inexecutáveis.

São, no entanto, multidões inumeráveis, em toda a face da terra, em toda a Grécia e em todas as demais nações estrangeiras, aqueles que, abandonando as leis de sua pátria e aqueles que consideravam deuses, se entregaram à observância da lei de Moisés e ao discipulado e ao culto de Cristo, e isto não sem um grande ódio levantado contra si por parte daqueles que veneram os simulacros, a ponto de serem freqüentemente atormentados por parte destes e algumas vezes inclusive conduzidos à morte. Mesmo assim, abraçam e observam com todo o afeto a palavra do ensinamento de Cristo.

É verdadeiramente admirável como em tão breve tempo esta religião cresceu pelo sofrimento e pelo martírio de seus seguidores, pela violência que lhes foi feita e pela paciência com que toleraram todo gênero de suplícios. Mais admirável ainda é que seus doutores não são nem eruditos nem numerosos e, no entanto, esta palavra é pregada em toda a terra, de modo que gregos e bárbaros, sábios e ignorantes, recebem a doutrina cristã. Não há dúvida de que isto não se realiza por força ou obra humana. 

A palavra de Cristo Jesus se fortalece com toda a fé e poder junto a todas as mentes e junto a todas as almas. Ademais, é manifesto que todas estas coisas foram preditas e confirmadas por Ele, quando disse em seus divinos oráculos: "Por causa de mim sereis conduzidos à presença de governadores e juízes, para dar testemunho perante eles e perante as nações". (Mt. 10, 18
E também: "Este evangelho será pregado em todas as nações". (Mt. 24, 14) E novamente: "Muitos me dirão naquele dia: `Senhor, Senhor, porventura não foi em teu nome que caminhamos e bebemos, e em teu nome que expulsamos demônios?' 

E eu lhes direi: "Afastai-vos de mim, vós que operais a iniquidade, nunca vos conheci". (Mt. 7, 22-23)


Se todas estas coisas tivessem sido ditas por Ele, mas sem que se tivesse realizado o que havia sido predito, pareceriam talvez menos verdadeiras, embora tivessem mesmo assim alguma autoridade. 

Agora, porém, preditas com tanto poder e autoridade e tendo chegado à sua realização, fica manifestissimamente declarado ser verdade que Ele, ao fazer-se homem, veio trazer aos homens os preceitos da salvação.

E o que deveremos dizer sobre o que, antes dEle, os profetas predisseram sobre Ele? Estava escrito que não cessariam os príncipes de Judá, nem os soberanos de seu meio, até que chegasse aquele a quem teria sido confiado o reino, e até que viesse a expectação dos povos (Gen. 49, 10). 

Pelo que hoje pode observar-se, tudo isto é mais do que manifesto pela própria história. Desde os tempos de Cristo não há mais reis entre os judeus. Todas aquelas ambições judaicas nas quais tantos se jactavam e se exaltavam, seja do decoro do Templo, seja dos famosos altares, de todos aqueles aparatos sacerdotais e vestimentas pontifícias, tudo isto foi destruído. Consumou-se assim a profecia que dizia:

  • "Os filhos de Israel ficarão durante muitos dias sem reis e sem príncipes, sem sacrifício e sem altar, sem sacerdócio e sem respostas". (Os. 3, 4

Utilizamos estes testemunhos para aqueles que, no que diz respeito às coisas que foram ditas no Gênesis por Jacó ao falar de Judá (Gen. 49, 10), parecem afirmar que ainda haveria um príncipe da descendência de Judá, que seria aquele que é o príncipe de seu povo e ao qual chamam de Patriarca, os quais afirmam também que não poderá faltar alguém que permaneça de sua descendência até o advento do Cristo, conforme o descrevem para si mesmos. Mas se é verdadeiro o que diz o Profeta, segundo quem

"por muitos dias os filhos de Israel, permanecerão sem rei e sem príncipe, nem haverá sacrifício, nem altar, nem sacerdócio", e se, de fato, desde que foi destruído o Templo, não se oferecem mais sacrifícios, nem se encontram altares, e se consta também não haver sacerdócio, é mais do que certo que "faltam os príncipes de Judá", assim como estava escrito, "nem há soberanos em seu meio, até que venha aquele a quem foi confiado o reino". (Gen. 49, 10)

Consta, porém, que já veio Aquele a quem foi confiado, Aquele em que reside a expectação das nações, e que tudo isto parece manifestamente consumado pela multidão daqueles que, de diversas nações, por meio de Cristo, creram em Deus. 

Pr. Paulo Mazarem
11 Jan. 20
Florianópolis



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