A escritura é o Livro Aberto. Aberto naquele sentido de Umberto Eco, que admitia a infinitude de leituras. A bíblia se não é o livro mais aberto da História (mais vezes lido e referido, mais estendido e extensível), é pelo menos o livro mais paradigmático da leitura interminável.
Hoje vamos falar sobre o NOVO TESTAMENTO.
A partir do século II, porções do Novo Testamento começaram a ser traduzidas para outras línguas. Esses textos traduzidos são chamados de versões. Enquanto temos versões na língua portuguesa, surge a questão: por que se chama de versão?
A "versão NVT", "versão NV", entre outras, são termos técnicos para a tradução de um texto da língua original para o vernáculo. Isso foi feito de forma intensa a partir do século II, quando o evangelho começou a ser pregado e rompeu as barreiras do mundo grego.
No livro de Atos, vemos, por exemplo, o evangelho indo em direção aos gentios.
O eunuco, por exemplo, teve contato com o evangelho. O que ele fez? Levou o evangelho ou algo relacionado a seu país, assim como os armênios e sírios. Cada um traduziu o texto bíblico para suas necessidades, ou seja, para uso em sua própria igreja, na sua língua corrente.
São versões interessantes porque, embora não tragam o texto em grego, trazem a ideia de como esse texto era entendido. É importante lembrar que para traduzir um texto, é preciso entender o texto, o contexto e a língua.
Talvez isso explique o porque em diversas partes do mundo (como na Síria, ao traduzir para o siríaco), “aesthetica receptus” (estética da recepção) os alexandrinos entendiam determinados textos de forma diferente dos coptas, o que culminaria em diferentes escolas de interpretação.
Bem, como isso é uma outra pregação, vamos considerar que as versões antigas mais relevantes foram escritas em latim, siríaco e copta.
Na verdade, a igreja usou a língua grega até o século V aproximadamente. Depois, a igreja ocidental adotou o latim, enquanto as igrejas orientais continuaram usando o grego. Além do latim, temos o siríaco, língua antiga praticada no norte da Palestina, e o copta.
Em termos históricos, o Novo Testamento começou a ser traduzido para o latim no século II. Temos o latim antigo, chamado "Vetus Latina", produzido no norte da África, e a tradicional "Vulgata Latina", revisão da Vetus feita por Jerônimo em 386.
A revisão da Vulgata, feita em 1592 pelo Papa Clemente VIII, chamada "Vulgata Clementina", permanece até hoje como a versão oficial da Igreja Católica Romana.
Em suma, o catolicismo romano adotou o latim como sua língua principal e oficial. A leitura bíblica é feita na Vulgata de Jerônimo, revisada em 1592, após o Concílio de Trento, pelo Papa Clemente VIII. Há várias versões, como a versão Síria, que é relevante porque o siríaco é próximo ao hebraico e ao aramaico. A forma de traduzir traz o texto novamente para suas matrizes semíticas. É uma versão antiga e relevante. A tradução siríaca da Bíblia data do século I."
Portanto, vimos que as múltiplas versões da bíblia, sobretudo, as traduções neotestamentárias em contato com outras culturas e línguas, acabaram por receber uma adaptação de sentido sem comprometimento da palavra de Deus que chega até os nossos dias inerrante e infálivel.
REFERÊNCIAS:
PAROSCHI, Wilson. Crítica textual do Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1993.
LOURENÇO, Frederico. O livro aberto: leituras da Bíblia. Rio de Janeiro: Oficina Raquel, 2017.
APOLINÁRIO, Pedro. Versões e ou traduções da Bíblia. Disponível em < https://ligadonavideira.wordpress.com/2015/06/14/historia-do-texto-biblico-capitulo-28/ > Acesso em: 11 Ago. 82
Paulo Mazarem
Pastor, Teólogo e Cientista da Religião
Coordenador da Faculdade Mais de Cristo
Florianópolis
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