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ENTENDENDO O MILAGRE DA TRANSFORMAÇÃO COMO NOVOS COMEÇO

DA ÁGUA PARA O VINHO[1]

 

1-3 Passados três dias, houve uma festa de casamento na cidade de Caná, na Galiléia. A mãe de Jesus estava lá. Jesus e seus discípulos também foram convidados. Quando o vinho estava quase no fim, a mãe de Jesus comentou com ele: “O vinho está acabando”. 4Jesus respondeu; “E isso é da nossa conta, mãe? Minha hora não chegou ainda. Não me apresse”. 5Mesmo assim, ela orientou os empregados: "Façam exatamente o que ele disser”. 6-7Havia ali seis grandes potes de pedra, usados pelos judeus para as lavagens rituais, A capacidade de cada pote era de oitenta a cento e vinte litros. Jesus ordenou aos empregados: “Encham os potes de água”. E eles os encheram até a borda. 8“Agora, encham suas taças e levem-nas ao mestre de cerimônias”, disse Jesus, e eles obedeceram. 9-10 Quando o mestre de cerimônias provou a água transformada em vinho (ele não sabia o que tinha acontecido, mas os empregados sabiam), ele disse ao noivo: “Todas as pessoas que conheço começam com os vinhos melhores e, depois que os convidados já beberam bastante, servem os inferiores. Mas você guardou o melhor até agora!”. 11Esse ato de Jesus, em Caná da Galiléia, foi o primeiro sinal, o primeiro vislumbre de sua glória. E os seus discípulos creram nele.

 

A narrativa bíblica da transformação da água em vinho no casamento em Caná, conforme descrito em João 2. 1-11, não é apenas um relato de um milagre impressionante ou do primeiro sinal messiânico realizado por Jesus, mas também uma poderosa analogia da transformação e mudança no estado das coisas. 

 

Este evento, além de marcar o primeiro milagre público de Jesus, simboliza uma transição significativa, não apenas no contexto da festa, mas também em termos espirituais e existenciais.

 

O texto é riquíssimo e oferece várias lições importantes, pelo menos 5 lições. 

 

1.     A Importância da Fé e da Obediência em Jesus. (Maria disse: Façam tudo o que ele vos disser).

2.     A consciência de que existe um tempo certo para tudo acontecer. (Ainda não é chegada a minha hora)

3.     É que tudo o que ocorre no tempo de Deus além de ser melhor, produz admiração (Guardaram o melhor vinho para o final). 

4.     O senhor se importa com as suas necessidades básicas (a falta de qualquer coisa na sua vida importa para Deus, uma família, um filho(a), um lar). 

5.     Um milagre é um sinal de Deus para alguém. (Os discípulos creram nEle).

 

Considere que a água, é um elemento essencial e fonte de vida, e nesse texto ele é uma metáfora que representa o estado original, a normalidade cotidiana da existência humana. Ao passo que o vinho, frequentemente associado à alegria, celebração e até mesmo ao divino, simboliza uma transformação para um estado superior, enriquecido e pleno. 

 

É importante dizer que neste milagre, Jesus não apenas transforma a natureza física dos elementos, mas também transmite uma mensagem profunda sobre a capacidade de mudar o conteúdo e de transformar a essência das nossas vidas em um nível mais profundo. 

 

Assim como a água se tornou vinho, nossas vidas comuns podem ser transformadas em algo extraordinário pela intervenção divina. 

 

Escute, somente Jesus tem o poder de mudar algo cotidiano em algo celebrativo, algo normal em algo sobrenatural e talvez o maior sinal operado por Jesus na vida de alguém é a transformação experienciada por alguém que vivia num estado e que ao ser tocado por Jesus foi transformado em sua internalidade. 

 

O filósofo francês Sponville afirmou uma vez que: “Acreditando ou não em Deus todos nós compartilhamos certos valores, pertencemos a uma certa comunidade, temos uma ideia de que estamos inseridos em uma cultura judaico-cristã. Educamos nossos filhos para não matar, não roubar, fundamentados numa intuição advinda de uma cultura que imprime-nos por atavismos a sua moralidade, de modo que podemos perfeitamente ser ateus e cristãos e ao mesmo tempo, admiradores de Cristo, sem, contudo, amá-lo ou segui-lo.” 

 

 

Observe que não há nenhum equívoco nessa afirmação de Sponville, pois as pessoas podem compartilhar certos valores morais e éticos, como não matar ou não roubar, como é própria de muitas culturas e religiões, como é o caso do Cristianismo e também entre ateus e agnósticos. 

 

Ainda, é devidamente possível que sejamos absolutamente fiéis (no sentido de fidelidade e não de fé) aos valores judaico-cristãos, sem ter a menor convicção de que Deus que criou tudo a partir do nada, e que enviou ao mundo seu único filho para nos salvar.

 

Note que em nossa era, muitos veem Jesus como um mestre iluminado, um filósofo sábio e um profeta inspirador, mas hesitam em abraçá-lo como a encarnação divina. 

 

Esta percepção é semelhante à água pura e essencial, que, embora moralmente impecável em sua composição, carece dos elementos encontrados no vinho. 

 

Não é por acaso que a água, neste contexto, simboliza a moralidade humana - clara, vital e necessária, mas limitada em seu alcance ao passo que o vinho, representa a vida no Espírito, uma experiência mais rica e transformadora que transcende a mera moralidade humana e alcança o seu clímax no encontro com Cristo, uma união profunda e enriquecedora que eleva a existência para além dos limites da compreensão humana.

 

De modo que, assim como na festa de Caná, onde a água foi transformada em vinho, indicando uma elevação do ordinário ao extraordinário, a jornada espiritual proposta por Cristo oferece uma transformação similar. 

 

Ele nos convida a uma passagem da moralidade básica, representada pela água, para uma experiência espiritual mais profunda, simbolizada pelo vinho. 

 

Este vinho espiritual não é apenas uma extensão da água moral, mas uma substância totalmente nova, enriquecida com os princípios ativos do divino. 

 

É um convite para um encontro celebrativo com a vida, onde as possibilidades se desdobram em sua plenitude e onde a existência é vivida não apenas em conformidade com a ética, mas também em comunhão jubilosa com o Espírito Santo.”

 

CONCLUSÃO

 

Enfim, ao contemplar o milagre em Caná, somos convidados a refletir sobre as transformações em nossas próprias vidas e como, através da fé e da ação divina, o ordinário pode se tornar extraordinário, e o comum pode ser elevado a um plano de maior significado e propósito. 

 

Este primeiro milagre, narrado em João 2. 1-11, não apenas revela a glória divina de Jesus, mas também simboliza a capacidade de transformar algo comum em incomum.

 

Por isso considere que cada ação de Jesus tinha sempre um propósito mais profundo. A transformação da água em vinho em uma festa de casamento não foi apenas um gesto de provisão material, mas também uma metáfora da transformação pessoal e espiritual. 

 

Jesus demonstra que, com fé, o que parece ser insuficiente pode tornar-se abundante e que os momentos de escassez são oportunidades para a intervenção divina.

 

O senhor não estava distante das alegrias humanas, pelo contrário, estava presente e ativamente envolvido nelas. 

 

Por fim, este milagre nos desafia a sermos instrumentos de Deus para trazer alegria e renovação aos outros. Assim como Jesus atendeu a uma necessidade e trouxe alegria ao casamento em Caná, somos chamados a ser agentes de mudança positiva em nosso mundo, trazendo esperança e renovação onde quer que estejamos.

 

Em resumo, a transformação da água em vinho é um poderoso lembrete dos novos começos e das transformações que Deus pode operar em nossas vidas. Ele nos convida a confiar, a celebrar e a sermos participantes ativos na obra de renovação que Ele está realizando no mundo.

 

A transformação da água em vinho nos encoraja a confiar em Deus para prover e acreditar que Ele pode transformar nossas circunstâncias.




[1] Israel tem mais de 300 vinícolas, 70 das quais colhem pelo menos 50 toneladas de uvas por ano. Aproximadamente 60.000 toneladas de uvas para vinho são colhidas em Israel anualmente.

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