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DESCLERICALIZAÇÃO




A desclericalização é um fenômeno pós-reforma e pró-iluminismo que desencantou (parcialmente) as sociedades cristãs daquela concepção sagrada de mundo, bem como do binarismo típico das tradições culturais ancestralizadas.

 

Afinal quem são os secularizados da sociedade senão os ateus alguém pode presumir?

Se bem que "secularização" não é sinônimo de ateísmo, mas separação do laico do clerical. O que em tese significa dizer que o estado (brasileiro, por exemplo) não é anti-religioso, e sim anticlerical.

 

É óbvio que o anticlericalismo não exclui o imprinting (Morin) cultural já posto e impregnado no DNA cívico-moral pelos lugares onde o cristianismo se estabeleceu. O que nos leva a problematizar o famoso enunciado Nietzschiano da morte (simbólica) de Deus, proposta com a chegada da modernidade ou até mesmo aquilo que em sociologia da religião tem se denominado "revanche de Deus". A questão é que nunca houve, a meu ver revanche! O que sempre existiu foi projeções de ordem psíquicas compensatórias. O escatólogo Renold Blank nos diz que homem hodierno (e urbano) criou mecanismos de sacralização do profano, uma vez que este homem (cristianizado) não suporta o/um "vazio religioso". Assim, onde o sacramental desaparece se cria ritos compensatórios que preenchem o lugar vazio, tais como: cerimônias solenes, inauguração de jogos olímpicos, bandeiras, ídolos, campeonatos de futebol, Shoppings, etc... 

 

Consequentemente todos estes entretenimentos compõem a tentativa de mostrar que estes desejos nada mais são do que compensações produzidas para satisfazer uma fome, que no fundo diz Blank, é fome do sagrado, daí vale apena lembrar as palavras de Eliade que um homem areligioso em estado puro é algo (até onde se sabe) inexistente. Não obstante, devemos ser sensíveis ao fato de que o conceito religião não abrange todas as experiências espirituais que denominados por falta de substituta ao fenômeno que nem mesmo se reconhece como experiência religiosa, todavia, em quase todas as culturas se perceber um resíduo do sagrado.

 

 

Paulo Mazarem

Mestrando em Ciência da Religião - Universidade Lusófona (UHLT)

Licenciado em Ciência da Religião (USJ) e Bacharel em Teologia (FACASC)

Coordenador da Faculdade Mais de Cristo.

 

Comentários

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