Um rei tinha um lindo pomar com maravilhosas árvores frutíferas, para que ninguém furtasse as suas belas frutas, ele decidiu colocar dois guardas: "um coxo e um cego".
Ambos eram responsáveis para que ninguém furtasse as frutas do rei. Um belo dia o coxo disse ao cego: Que lindas frutas nos temos na nossa frente, por que não nos deliciemos com elas? Respondeu o cego: E por que não? Traga-me uma. Impossível, replicou o coxo, você não vê que eu sou coxo, não posso subir na árvore. E eu, suspira o cego, poderia eu ver para colher?
A partir deste dia ambos começaram a arquitetar uma forma de concretizar o plano de ação, até que encontraram uma solução. O coxo montou em cima do cego, alcançaram as arvores que tinham em mira, arrancaram o quanto lhes deu vontade e encheram os bolsos, os cestos, retornando cada um para o seu lugar como se nada tivesse ocorrido.
Dias depois, o rei apareceu inesperadamente e reparou o acontecido. O que fizeram com as frutas desta e daquela árvore? Indagou furioso!
O cego então se reportou a Majestade, dizendo: “serei eu que não vejo nada, o culpado?”
Em contrapartida, o aleijado não hesitou: “seria por ventura eu que não posso andar?” Então, o rei imediatamente montou o coxo em cima do cego e exclamou: “Eis a maneira como vocês praticaram o delito!”
Um dia todos nós teremos que prestar contas a Deus, quando isso ocorrer o Senhor se dirigirá a alma e perguntará, por que pecastes? E a alma dirá não fui eu criador que pequei, mas sim o meu corpo e a prova é que eu mal me livrei dele, abandonei a terra, voando agora nessas esferas limpas e puras, como um passarinho inocente.
Então o júri celestial dirigirá a pergunta ao corpo. E tu, por que pecastes? Eu? responderá o corpo. Acaso, tenho eu forças para pecar? Ela a alma que é instigadora das minhas transgressões, pois vedes ilustres juízes que a alma mal abandonou-me e eu fiquei completamente paralisado como um cadáver morto, como uma pedra inamovível.
Que fará então Deus? Colocará a alma dentro do corpo e ambos serão julgados!
A sabedoria sagrada, adverte-nos da seguinte forma: "Deus há de trazer juízo sobre todas as obras, quer sejam boas quer sejam más".
(Ecl. 12.14)
Paulo Mazarem
Mestrando em Ciência da Religião - Universidade Lusófona (UHLT)
Licenciado em Ciência da Religião (USJ) e Bacharel em Teologia (FACASC)
Coordenador da Faculdade Mais de Cristo.
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