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ANSELMO E AS PROVAS ONTOLÓGICAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS

Anselmo nasceu em 1033 na cidade alpina de Aosta na Itália. Tornou-se monge aos 27 anos e foi nomeado prior do mosteiro, em 1063, aos 30 anos. Por sua reputação de grande pensador, escritor e administrados, Anselmo foi obrigado, contra a sua vontade, a se tornar abade do mosteiro de Bec em 1078. Enquanto ocupava esse cargo, iniciou um carreira estelar de escritor, com seus dois grandes livros de teologia filosófica: Monologium ( Monólogo ou solilóquio) e Proslogium (Discurso). Essas obras contêm versões da famosa prova ontológica da existência de Deus e ainda são publicadas, lidas e debatidas com regularidade nos cursos de filosofia secular. Existe uma história sobre a origem dessa experiência de iluminação, quando cantava no ofício vespertino como os demais monges em Bec em 1076. Alguém lhe pediu que fornecesse uma explicação e defesa dos ensinos básicos da fé cristã e estava contemplando a existência de Deus e o motivo por que o salmista diz no salmo 14: “Diz o ins...

PORQUE PROCURAMOS DEUS?

        A pergunta retórica enunciada na temática proposta é de ordem geográfica. Um budista, por exemplo, não procuraria a Deus, isto, por que o budismo, é uma religião (a) téia, isto é, sem Deus. Superando os regionalismos, minha insistente pergunta segue sua cadência, por que procuramos Deus?  Deve-se, levar em conta que não nascemos na Ásia, nem sob um regime Marxista-Leninista, e obviamente não nascemos na Índia.  Minha pergunta é para os que nasceram aqui no Ocidente, local que albergou à cultura judaico cristã, transmitida pelos nobres missionários jesuítas que nos presentearam com a monocultura cartesiana. Sim, a pergunta é para nós que não temos consciência histórica de nosso passado, que desconhecemos os dispositivos e mecanismos invisibilizados de dominação epistêmica.  Coitados, (asiáticos, africanos, indianos, etc...) eles não tiveram a mesma sorte que nós ocidentais. Há muitos deles, (exceto alguns) a reve...

A TROCA IMPOSSÍVEL (FÉ-RAZÃO)

Todas as teologias existentes no universo bíblico-teo-filosófico não passam de  huma nologias, recortes iconológicos, herméticos e reducionistas que jamais podem alcançar a magnitude apofática de Deus. Acredito que isso se deva a limitação da razão que não consegue alcançar plenamente a transcendência, necessitando sempre daquilo que Kierkegaard chamou de “salto da fé”. Os racionalistas (dogmáticos) não percebem que “Deus não cabe dentro de nossos esquemas teológicos”, como disse Ruben Alves “na verdade Deus é grande demais para ser apanhado, estudado, dissecado”. Colocar dentro de um copo d'água todas as águas dos mares é impossível, simplesmente por que o infinito não cabe no finito e a eternidade extrapola a "temporalidade", assim é a mente humana limitada demais para alcançar coisas tão elevadas. Por essa Razão é necessário compreender que a “Teologia não é rede que se teça para apanhar Deus em suas malhas, porque Deus não é peixe, mas Vent...

O PEREGRINO E O CONVERTIDO

HERVIEU-LÉGER, Danièle. O peregrino e o convertido: a religião em movimento. Petrópolis: Vozes, 2008. 15-57p. Paulo Roberto Souza Mazarem Universidade de São José- SC, Brasil. É indiscutivelmente salutar trazer para a pauta do presente momento quando o assunto é “modernidade e religião”, a prestigiada socióloga da religião Danièle Hervieu Leger, atualmente uma das teóricas que mais se destacam no assunto. Em sua obra cujo titulo original é ‘‘ La religion en mouvement: le pèlerin et le converti’’   a autora mostra-nos como a religião na modernidade ganhou traços de decomposição e recomposição, cuja mobilidade e itinerância, até então eram desconhecidas. Logo, no inicio de sua obra a autora propõe uma « parábola moderna », descrevendo os pireneus, nos vales de Andorra num contraste com a igreja que em tempos passados era á normatizadora moral e referencial para a conduta de vida religiosa daqueles vilarejos. A autora ainda sinaliza as mudanças compo...

AS ABOMINAÇÕES DO LEVÍTICO

  Na obra "As abominações do Levítico" texto de Mary Douglas encontramos uma sinalização cientifica que está (a meu ver) para além de um simples olhar teológico. A autora evoca na arquitetura do texto eruditos consagrados, tais como: Danby, H. J. Richards, Stein, Epstein, Maimônides, Filo, P.P. Saydon, R.S. Driver, Robert, Smith, Frazer, Nathaniel Micklem, Pfeiffer, White e Bispo Challoner com o intento compreensivo das regras dietéticas.   A autora prefacia sua obra dizendo que a “contaminação nunca é um acontecimento isolado” e constrói no decorrer de sua abordagem inferências que superam interpretações religiosas até por que segundo ela qualquer interpretação fragmentária das regras de poluição estão destinadas a falhar. Mas o que é impuro ou puro? Por que uns animais são e outros não? A autora mergulha no tema fazendo as mais diferentes analogias entre animais considerados puros e impuros constatando logo de inicio que tal hermenêutica está recortada por...

SEMITAS E O JUDAÍSMO

Defina Religiões Semitas? Especificando e discorrendo sobre uma delas especialmente?  Definir é sempre esgotar, dogmatizar, blindar os termos, e a possibilidade de ressignificação, prefiro conceituar e analisar toda “definição” como um ponto de partida e não como conclusão hermética, isto em qualquer área dos saberes. Quando pensamos a respeito do termo somos remetidos ao passado e é exatamente no passado que vamos analisar a origem dos povos monoteístas que deram origem às religiões que hoje se entende por semitas. É necessário entender que à genealogia desses povos nos permite ver que é geograficamente no mediterrâneo que vão aparecer  como nos informa à tradição bíblica, os primeiros a adotarem a partir de Sem, filho de Noé de acordo com os historiadores o termo “semita”. De lá para cá, os pesquisadores entenderam ser necessário cognominar a partir dele todos os povos que adotaram como modelo a crença monoteísta, isto é a crença em um único Deus, t...

PENTECOSTALISMO E PROTESTANTISMO NO BRASIL: UM SÉCULO DE CONFLITOS, ASSIMILAÇÕES E MUDANÇAS

                                                                   É impossível não perceber como a religião pentecostal se replicou, se fragmentou e metamorfoseou-se dada as muitas dissidências dos 100 anos para cá. Desde o sua gênese com a chegada dos missionários Daniel Berg e Gunner Vingren (Assembleia de Deus)  e Luis francescon (congregação Cristã), movimentos cognominados por sua antiguidade de pentecostalismo clássico passaram por profundas reatualizações especificamente no cenário brasileiro. Temos a análise sociológica de que tais movimentos se ressignificaram e substituíram as suas ênfases iniciais por ênfases que correspondam cada vez mais a uma espécie de anseio popular ou aquilo que os próprios especialistas na área de pesquisa chamam de pragmatismo, porém trataremos mais para fre...